Tivemos a experiência do PRD para comprovar a fatuidade de fenómenos políticos, que surgem cheios de força e acabam reduzidos à dimensão de grupúsculos irrelevantes.
Ainda assim sabemos bem como são nefastos esses fenómenos: não esqueçamos que o cavaquismo cavalgou precisamente a partir dessa estratégia de Ramalho Eanes para estilhaçar o Partido Socialista.
Vem isto a propósito das eleições municipais em Itália, que estão a decorrer e sobre as quais se justifica alguma atenção para os seus resultados: quem ganhará a decisiva batalha pela cidade de Roma? Entre o Partido Democrático e o de berlusconi, qual o que pode reivindicar vitória?
E a principal de todas essas interrogações: qual o peso da formação do movimento cinco estrelas de beppi grilo?
As sondagens conhecidas dão-nos conta que, nesta primeira volta, esta formação política vai manter a sua influência apesar da demonstração de incompetência, inexperiência e insensatez dos seus deputados no Parlamento, apesar da urgência em encontrar soluções para uma crise a afetar tantos milhões de italianos, nomeadamente as suas camadas mais jovens. E, infelizmente, serão maioritariamente estes quem mais facilmente se deixam embalar pelo oportunismo desses seus representantes que conseguiram obstar à ascensão da esquerda italiana nas legislativas e possibilitado a concentração do voto de protesto nos seus candidatos.
A ter isso sucedido teríamos visto o Partido Democrático a convergir com a França de Hollande na redefinição das principais políticas europeias.
Mas, quando os que têm responsabilidades - e não esqueçamos que prestigiados intelectuais como Dario Fo ou Erri di Luca - apoiaram esta forma indigente de fazer política, pouco poderia Bersani fazer para os contrariar. Porque muitas vezes os projetos políticos mais sólidos podem ser torpedeados pelos que arranjam um discurso apelativo, de aparente irreverência e de suposta mudança.
Nessas eleições e nas de hoje, os grilistas constituem a quinta coluna de idiotas úteis aos beneficiários do costume: esses que não deixam de se sentir representados por essa caricatura sinistra, que é o proprietário da Mediaset. E em quem o grande capital financeiro ou industrial aposta para que tudo acabe por ficar na mesma na relação de distribuição de rendimentos entre os mais ricos e o resto da população italiana,
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