Há jornais que não me passa pela cabeça ler, mas vão havendo amigos facebookianos, que fazem o favor de me ir informando sobre as aleivosias em que eles são pródigos.
Uns especializaram-se em fazer de José Sócrates o seu inimigo de estimação, e tendo conseguido macular-lhe a imagem a ela pretendem agora colar Fernando Medina na esperança de evitarem o que sabem certo: a sua reeleição nas autárquicas do próximo ano.
Outros andam a vasculhar todos os currículos dos ministros, secretários de estado, assessores e consultores do governo para ver se encontram algum Miguel Relvas ao virar de alguma esquina.
Já deveriam estar desesperados e prontos a usarem um argumento definitivo - por exemplo algum papagaio de um contínuo do primeiro-ministro apenas capaz de expressar o seu vernáculo numa língua demonstrando a sua falta de cosmopolitismo! - quando deram com um obscuro e, para mim, anónimo adjunto do gabinete do primeiro-ministro, cujo currículo aponta para a licenciatura em engenharia de que não encontrarem provas.
Nesta direita onde o parecer (o título académico) continua a ser mais importante do que o ser (o talento, o saber), é assunto que ganha estatuto de primeira página.
Refira-se que ela não pode invocar que a esquerda andou a gozar meses a fio com o diploma do Relvas, porque aí justificava-se no facto dele servir para que o tratante fosse tratado de “doutor” sempre que aparecesse na televisão. Ora esse adjunto nunca sairia, nem sairá, do anonimato do gabinete onde colabora com o primeiro-ministro. Não existe, pois, qualquer comparação na dimensão da eventual irregularidade.
Mas se é só isso que esse jornal tem para apontar ao governo é bem pouco, como se comprova no crescente recurso à prosa irascível de uma ignóbil criatura que, em boa hora, abandonou as páginas do diário, que ainda continuo a ler, para ir cuidar do seu azedume troglodita nessa publicação digital pasto do que de mais feio existe na política nacional.
(Quinten Massys)
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