Na crónica que assinou ontem no «Expresso», Ricardo Costa lembrou o exemplo de David Cameron que, com o seu discurso baseado no medo, levou os compatriotas a votarem no sentido contrário ao que pretendia. Pelo contrário os que seguiram o conselho de Boris Johnson e Nigel Farage sob a promessa de melhorias na qualidade de vida logo para o dia seguinte, precipitaram-se para as urnas de voto à espera de amanhãs cantantes, que depressa sentirão assaz desafinados. Nesse sentido “foi uma batalha entre um presente que alegadamente podia ser melhor e uma crise terrível que talvez pudesse surgir.”
Porque adivinhamos no atual diretor da SIC uma antipatia muito firme pela solução governativa protagonizada pelo meio-irmão, ele deixa implícito o conselho a Passos Coelho para que abandone a estratégia do antigo primeiro-ministro inglês, porque assim nunca conseguirá reaver o que, em tempos, designou como «pote».
É por isso que o seu texto reflete esse medo de ver a direita “cozida em lume brando. Fica sem discurso e projeto para o presente, fala de coisas distantes e acaba castigada”.
Às vezes vale a pena dar atenção a quem está na outra trincheira, porque permite-nos sentir o ânimo de quem muito gostaria de ver acabada a convergência das esquerdas. Mas, satisfaz-nos pensar que Passos Coelho nunca conseguirá deixar de ser quem é e por isso tais conselhos cair-lhe-ão em saco roto. Só esperamos que continue assim à frente do PSD por muitos e bons anos. É que os danos causados aos portugueses foram tantos, que bem necessitamos de longa vida da «Geringonça» para os corrigir.
(Daniel C. Chiriac)
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