Nos anos 60 como burgomestre de Berlim e, na década seguinte como chanceler, Willy Brandt conduziu a Ostpolitik, que lhe valeria o Nobel da Paz por contribuir intensamente para o clima de distensão nuclear entre o Ocidente e a União Soviética, que perdurara durante todo o o período da Guerra Fria.
Infelizmente a inteligência desse político social-democrata não é replicada pelos atuais dirigentes ocidentais, que assumem posturas estúpidas e até mesmo criminosas relativamente a Vladimir Putin.
Pode-se não gostar do Presidente russo, mas é com ele que o Ocidente tem de lidar para resolver os principais problemas, que afetam a União Europeia, mormente os dos refugiados e os da estagnação económica decorrente das irracionais sanções por causa da Ucrânia.
Por isso mesmo Putin tem-se multiplicado em humilhações aos principais líderes europeus: Merkel provou o veneno a propósito da sua pouca cristalina apoiante ao cargo máximo na ONU e, agora é o ainda inquilino do Eliseu quem recebe o recado de só poder contar com a visita do presidente russo quando se sentir mais confortável por ser dele anfitrião.
É que já não basta a Nato ter pretendido levar as suas fronteiras até às da Rússia promovendo a rebelião protofascista da Ucrânia ou eliminar a presença militar dos navios russos do Mediterrâneo fomentando a queda de Bashar al-Assad, que tem aumentado a retórica contra a certa queda de Alepo, que significará a derrota definitiva dos que sonharam substituir o regime alauita, onde todas as religiões eram aceites e as mulheres dispunham de direitos próximos das ocidentais, por uma mirífica oposição onde alguns ingénuos começaram por dar a cara para serem liminarmente substituídos pelos mais escabrosos salafistas.
Bem se esforça a imprensa ocidental por nos comover com o sofrimento da população de uma parte de Alepo, escondendo a que no outro lado da trincheira é vítima dos atos terroristas dos que ela acoita como apoiante ou como refém.
Alepo é uma batalha determinante numa realidade geoestratégica que o Ocidente vai perder, porque quis provocar Putin em vez de com ele trabalhar. A alternativa significará um mundo muito mais assustador com a Rússia e a China coligadas em condições de ditarem ordens ao Ocidente, quanto mais não seja por os políticos de Pequim terem forma de pôr as empresas de que se apossaram no Ocidente a sabotarem as economias onde se limitam por ora a recolher os dividendos económicos.
Bem fariam falta termos réplicas de Willy Brandts para servirem de conselheiros sábios dos que, como Hollande andam tão atarantados com a sua inconsequência, que até já sonham mudar o nome do Partido Socialista francês para Partido do Progresso.
O movimento socialista internacional bem precisa de levar uma barrela a ver se atina no rumo certo.
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