É um assunto a seguir com atenção nos próximos tempos: dado o desinteresse norte-americano em manter a base aérea na ilha das Lajes, verificar-se-á a possibilidade de virem a ser aí substituídos pelos chineses? O interesse destes é cada vez mais indisfarçável e, tendo em conta a condição de segunda maior potência a nível mundial, a diplomacia de Pequim vai mostrando interesse em expandir as suas áreas de influência a todas as regiões do mundo. Por exemplo no corno de África estão a construir uma base naval em Djibuti e, na Islândia, já vigora um acordo para as escalas dos navios chineses nos seus portos. Se somarmos a essas ações de cunho militar a sua influência progressivamente maior na vida económica de muitos países, somos forçados a concluir que estaremos, uma vez mais, perante a manifestação da proverbial «paciência do chinês», dando sempre passos quase impercetíveis na direção dos seus objetivos estratégicos a cumprir.
Se amanhã, desafetada a base pelos americanos, como poderia o governo português contrariar as pretensões chinesas, depois de tê-las deixado tomar posições influentes na energia, na banca e noutros setores fundamentais da economia? Bastaria uma ação concertada pelas empresas por eles controladas para dificultar ainda mais a ciclópica tarefa de António Costa ou de quem lhe vier a suceder.
Numa altura em que a União Europeia se portou de forma tão indigna quanto à eleição de António Guterres e o Pentágono dispensa a importância geoestratégica do arquipélago açoriano, o governo português revela sábia inteligência ao abrir-se a outras possibilidades de acordos, que não se cinjam aos comunitários ou aos transatlânticos. Mesmo negando-as vigorosamente na retórica diplomática.
Quanto mais não seja a aproximação à China pode servir para aumentar as contrapartidas de uma eventual decisão norte-americana quanto à reativação da sua base açoriana.
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