Por feitio tento que as minhas opiniões não se cristalizem, sujeitando-as sempre ao habitual crivo científico de algo se aceitar como verdadeiro até se demonstrar que não o é.
Nestes últimos dias tenho andado a rever as posições em relação a dois assuntos da atualidade. O primeiro tem a ver com o conflito entre os taxistas e a Uber, em que tenderia a apoiar os primeiros, subscrevendo a opinião do deputado comunista Bruno Dias, que assim pensa por ser “contra a atividade ilegal, contra a legalização da concorrência desleal e contra a consagração de um estatuto de privilégio para multinacionais que agrava a precariedade e impõe a lei da selva”.
Esta argumentação parece-me tão lógica, que encontra igualmente respaldo nos serviços exemplares que contratei a taxistas na Europa, na América, na Ásia e em África, onde sempre me levaram de onde eu queria para onde pretendia alcançar e sempre me dando uma sensação de irrepreensível segurança.
O problema, como afiançaria Daniel Oliveira no «Eixo do Mal» são os seus maus dirigentes, que aludem à possibilidade de haver «porrada» e uns quantos jagunços de quem apetece fugir a sete pés se os virmos ao volante de uma dessas viaturas.
Não é , pois, que não tenham razão na sua luta - e o mundo empresarial de que a Uber começa a ser expoente, representa a face mais perversa do capitalismo selvagem! - mas a estupidez de que dão mostras na luta pela sobrevivência da sua classe retira aos taxistas as possibilidades de vitória, que por justiça lhes deveria ser conferida.
A outra iminente mudança de opinião refere-se à Wikileaks. Se por natureza estou do lado dos chamados «lançadores de alertas» (Assange, Snowden e tantos outros), não posso concordar com o apoio explícito que a organização está a dar a Donald Trump, ao publicar nesta altura alguns discursos de Hillary em eventos da Goldman Sachs ou do Deutsche Bank.
É verdade que a Administração Obama portou-se de forma crapulosa para todos quantos denunciaram as atividades criminosas da NSA, da CIA e de outras organizações afetas ao poder norte-americano. Ninguém duvida da mão clandestina americana por trás das autoridades suecas, que querem prender e julgar Assange. Mas daí a escolher alguém como Donald Trump como mal menor não lembraria ao mais desassisado.
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