No mesmo dia há duas entrevistas para comparar em dois órgãos de comunicação diferentes: no «Público» Passos Coelho aparece zangado como de costume e conseguindo dizer sem sequer arreganhar um sorriso, que o atual governo foi desastroso a lidar com o sistema financeiro. Ele que andou a esconder os problemas do Banif e da Caixa Geral de Depósitos debaixo do tapete a ver se não lhe rebentavam nas mãos e potenciou o desastre do BES até à dimensão de um colossal rombo nas contas públicas, é capaz de atirar as culpas próprias para os ombros alheios como se continuem a serem credíveis as suas descaradas mentiras.
Por seu lado, António Costa surgirá no Jornal da Noite da TVI e, de acordo com o que já se conhecem dos seus extratos, essa entrevista encontrá-lo-á descontraído, sorridente, a demonstrar uma enorme confiança no rumo trilhado com a maioria parlamentar. Ao país cinzento e descrente nas suas potencialidades, sucede esta realidade luminosa em que a palavra esperança voltou a fazer todo o sentido.
A diferença de postura corporal não é despicienda nesta altura. E Passos, que teve marketeiros tão eficientes enquanto foi governo, não tem quem agora o convença de não ser assim, que alguma vez poderá almejar recuperar o perdido pote. Mas, provavelmente, até nem é incompetência dos conselheiros: o problema é que há produtos de tão má qualidade, que não há marketing que lhes valha.
(Marcel Duchamp)
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