Neste sábado andamos a deparar com «não notícias» e com «notícias absurdas«.
Nas primeiras surge a enésima sobre Rui Rio estar a preparar-se para substituir-se a Passos Coelho à frente do PSD.
Já foram tantas as ocasiões em que ele disse que avançava e não avançou! Quem ainda acredita nessa possibilidade? E, passados estes anos de travessia no deserto sem que se lhe tenha conhecido um pensamento com substância para projetar o país numa qualquer direção, quem ainda terá pachorra para o ouvir?
Deixem lá ficar o Passos Coelho, que está muito bem no retrato, que até o Schäuble continua a torcer por ele!
Outra não notícia é a convicção de António Domingues de estar a respeitar escrupulosamente a lei. Tornar-se-ia absurda, se ele e a sua equipa batessem com a porta e deixassem o país a braços com um súbito agravamento da crise no seu setor bancário. Em tal situação só faltaria que Catarina Martins e Jerónimo de Sousa tivessem o despudor de reiterar juras de amor à CGD como banco público, quando, nos últimos dias, tudo têm feito para sabotar essa condição.
Absurda é, igualmente, a notícia da eleição da Hungria para o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. É que olha-se para o comportamento de Victor Orban à frente do governo húngaro e aquilo que nos vem logo à colação é o seu elevado «respeito» pelos direitos da Oposição e pelo «tratamento humanitário» dos refugiados.
Igualmente absurda é o previsto êxito eleitoral dos Piratas islandeses nas eleições deste fim-de-semana. É que, mesmo havendo quem os compare ao Podemos, eles confessam nada saber de economia e finanças, apenas suportando o seu programa em intenções de democracia direta e participada.
A forma como as esquerdas têm deixado surgir no seu seio forças populistas e incompetentes, cujo saldo final depois do banho de realidade, só pode favorecer o regresso das direitas, é preocupante. É por não terem um discurso político consistente e estruturado, que os partidos socialistas europeus estão a pasokizar-se. Olhando frivolamente para a realidade, apostam em defender aquilo que julgam ser o desejo dos volúveis eleitorados. Ora a Política com maiúscula não pode ser a de seguirem as tendências das massas ululantes. Porque o sucesso residirá em sabê-las canalizar para programas estruturados, concebidos a partir de uma análise rigorosa e objetiva da realidade, e definindo objetivos tangíveis a serem alcançados. É preferível que os eleitorados sintam que são tratados com inteligência do que com a vazia demagogia.
Pode ser um caminho trabalhoso, mas com resultados mais sustentáveis. Por isso uma das poucas notícias com substância do dia é já existirem oito países a juntarem-se a Portugal por uma mudança de regras nas apreciações dos orçamentos pela Comissão Europeia e pelo Eurogrupo de forma a que eles sejam ferramentas úteis no crescimento das economias em vez de férreos coletes de forças.
O desafio, que hoje se pôe aos políticos das esquerdas é serem carismáticos em vez de populistas. Porque estes últimos conotam-se quase sempre com a direita, como sucede com Marcelo Rebelo de Sousa, a quem José Sócrates atribui um comportamento que “tem uma forma de se relacionar com os portugueses muito baseada na proximidade. A vulgaridade, a banalidade, o quotidiano, a rotina, isto é, o excesso, mata qualquer ideia carismática”. Essa ideia que tem de ser alcançada por quem lidera as esquerdas e as quer levar à consagração de uma sociedade mais justa e fraterna.
Caspar David Friedrich
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