Estamos a viver mais do que os tempos interessantes de que falava Eric Hobsbawn: estes são cada vez mais tempos perigosos! Porque as democracias capitalistas estão a perder a máscara e a comportarem-se com o seu verdadeiro rosto de classe, típico dos regimes ditatoriais.
O sucedido com o brasileiro David Miranda demonstra-o com uma eloquência lapidar: a detenção em Heathrow para interrogatório pela polícia londrina só se explica por estar casado com o jornalista Glenn Greenwald, do «The Guardian». Ora este último tem sido o responsável pela publicação da maioria das provas trazidas dos EUA por Edward Snowden para denunciar o Big Brother mundial, que nos está a controlar em tudo quanto partilhamos nos vários meios de comunicação ao nosso dispor.
Este inadmissível abuso de poder revela que os estados policiais passaram à fase do vale tudo para intimidar quem não se mostre submisso à ordem económica e política decidida pelos oligopólios financeiros e energéticos que, através das suas marionetes nos vários governos e instituições internacionais, nos condenam à austeridade e ao empobrecimento coletivos.
A detenção de Miranda não pode ficar incólume. Importa que o Foreign Office explique o inexplicável ao Governo de Brasília, que já pediu lhe explicações para o sucedido. E importa acompanhar igualmente a interpelação, que o Partido Trabalhista exigiu a David Cameron para que essa estratégia, já confirmada como tendo conhecimento da Casa Branca, sofra o imprescindível ricochete.
É por isso que nestes tempos perigosos importa que a resposta a cada ataque antidemocrático, seja rápida e eficiente. Porque nada tendo aparentemente a ver connosco, este caso explicita o que pode vir a suceder connosco se permitirmos esta aparente marcha em roda livre em que a direita internacional colide com os nossos interesses!
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