Rui Machete tinha dado o mote. E o ex-secretário de Estado do Tesouro seguiu-lhe as pisadas no seu comunicado de demissão distribuído aos jornalistas: a sua queda em desgraça seria sintoma do que qualificou de podridão política!
No parágrafo anterior estive para aplicar o termo «inacreditável» antes de «comunicado» mas, pela frequência com que surgem, eles já não nos surpreendem. Mesmo quando são os verdadeiros responsáveis pela podridão em que vemos o país mergulhado quem se fingem de virgens ofendidas e atiram lama a quem teima em prosseguir um esforço de higienização do espaço público!
Sucedem-se os escândalos numa escala nunca conhecida e só em casos mais do que evidentes de culpabilidade dos responsáveis é que eles se demitem. Como se já nem sequer o nível zero de credibilidade lhes bastasse para procederem de acordo com o expectável, teimando em agarrarem-se aos lugares na mirifica esperança de conseguirem tapar o sol com a peneira da contrainformação. Como se lhes fosse possível arranjar argumentos para contrariar o que todos já concluíram! (Depois saem-lhes abortos como o da suposta falsificação dos documentos já expostos nos jornais e televisões!)
Mas esta mitigada indignação pública perante tanto desaforo contem um perigo muito sério: a democracia está em perigo, quando ouvimos tais escândalos e encolhemos os ombros, cientes de não atingirem quem mais deveriam estar expostos à censura coletiva: a ministra, que negociou swaps, mentiu no Parlamento e nomeou gente da sua igualha para cargos públicos , e, sobretudo, passos coelho, que é o responsável, em última instância, por tudo quanto se tem passado nestes dois anos de destruição da vida de tantos portugueses!
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