Que legitimidade assiste ao filiado de uma organização para se exprimir de forma heterodoxa em relação à forma como ela é liderada?
Em princípio devem norteá-lo o dever de fidelidade, que reserve as críticas para o seu interior porfiando em defender as estratégias com que discorda no exterior!
Mas como agir quando elas continuam a causar danos significativos na imagem da organização que, por isso mesmo, se afasta cada vez mais dos seus objetivos principais? Torna-se, então, inevitável não calar a discordância e contribuir para uma mudança determinante no sentido de infletir o rumo dos acontecimentos.
Vem isto a propósito das sondagens da Marktest e da Universidade Católica, agora conhecidas e que mostram diferenças mínimas, senão mesmo irrelevantes, entre o PS e o PSD!
Como é possível que, passados dois anos de tanta barbárie cometida contra a classe média e contra os trabalhadores em geral e o principal partido da coligação ainda surja a discutir a futura vitória eleitoral nos barómetros, que vão surgindo?
Torna-se inevitável colocar em questão a eficácia com que a atual direção socialista está a corresponder a este difícil momento histórico! É juízo definitivo: o discurso brando de António José Seguro não suscita empatia junto do eleitorado que, nesta altura, deveria estar rendido ao seu projeto alternativo ao da austeridade custe o que custar.
Nesse sentido talvez tenha sido um mal que viesse por bem a escusa de cavaco silva em arriscar eleições legislativas antecipadas para já. Porque importa que os militantes socialistas compreendam o beco sem saída para onde a atual liderança os está a empurrar.
É que, ao ouvirem-se as palavras de Sócrates ao domingo na RTP, ou as de alguns deputados da Oposição mais à esquerda no parlamento, fica-se com pena de não constatar esse tom de voz e tais argumentos brandidos pelo secretário-geral do PS.
Urge mudar e tão rápido quanto possível!
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