sábado, 17 de agosto de 2013

FILME: «Strella» de Panos Koutras

Panos Koutras já era conhecido por um filme delirante de 1999 - «O Ataque da Moussaka Gigante» - quando este «Strella» saiu dez anos depois para contar a história de amor entre um homem acabado de sair da prisão e um transexual.
Além de depressa se dedicar à urgência dos afetos com esse Strella, que conhece no hotel aonde pernoita, Yorgos tem igualmente o objetivo de encontrar o filho Leonidas a quem já não vê desde o seu crime.
Num espaço muito marcado pela tragédia dos antigos gregos e pela ópera a que Strella se dedica nos seus números de cabaré em incipiente imitação da Callas, Yorgos vai encontrar-se perante o dilema de Édipo invertido ao descobrir que o amante acabado de conhecer é o filho, havendo da parte deste a plena consciência de estar a praticar o incesto.
Encontramo-nos, pois, perante o hybris, esse sentimento que leva os heróis de Ésquilo, Eurípedes ou Sófocles a violarem a ordem estabelecida através de um comportamento desafiante em relação aos poderes instituídos: as leis dos deuses, da cidade, da família ou da natureza.
Mas se nesses textos antigos tudo acabava mal, Koutras faz jus à fama de Almodovar grego e tudo acaba em festa e harmonia, partindo do pressuposto que todos os personagens são maiores, vacinados e plenamente cientes do que querem viver.
É que, como diz um dos personagens, a vida é um breve instante e importará aproveitá-lo enquanto durar.
Ainda assim este está longe de ser o tipo de cinema, que sempre apreciei na riquíssima filmografia grega. Que saudades dos filmes de Théo Angelopoulos!

http://youtu.be/bNP6IeO8cDw




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