Há uns meses atrás o camilo lourenço teve o rasgo de imaginação de considerar dispensável o estudo da História por ser matéria incapaz de contribuir para o aumento do PIB e garantir emprego para quem dela se ocupa.
Recordei o caso ao ler a crónica de Fernando Sobral no mesmo jornal em que aquele inefável comentador publica umas linhas diárias, e datada de sexta-feira passada. Abordando a estratégia de Oliveira Martins como ministro das Finanças após a crise de 1890, Sobral recorda como a regra foi o aumento dos impostos numa tal dimensão, que o consumo interno caiu a pique e as falências foram aos magotes no comércio e na débil indústria nacional.
Para o regime monárquico essa política foi fatal: as finanças públicas conheceram tal deterioração, que nem mais vinte anos durou!
Conhecessem os nossos políticos de direita essa História e talvez fossem mais inteligentes na forma de tentarem salvaguardar os seus próprios interesses: os de manter as aparências de alguma justiça social assente na redistribuição dos rendimentos, mesmo à conta de persistirem os laços de dominação entre os patrões e os empregados.
Ao esquecerem exemplos tão lapidares desse passado, os que seguem o conselho desavisado do camilo teimam em semear ventos, que lhes prometem violentas tempestades.
Por agora vão.se julgando ameaçados de podridão política apesar de se terem por imaculadas vítimas, mas está-lhes no ADN uma tal incapacidade em entenderem o sarilho em que se andam a enredar que pouco faltará para darem razão à J.P.Morgan num célebre e recente estudo, quando aconselhava implicitamente os governos entroikados a meterem a democracia no congelador.
O problema é que sem forças armadas e polícias subservientes, quem lhes poderá guardar as costas? E, mais: se até um turco Erdogan não se livra de apuros com muito mais ferramentas antidemocráticas, como se salvarão eles?
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