Se tivesse de ilustrar o que é o sentido da organização plástica, da geometria e do espaço em Cartier-Bresson, seria esta a fotografia escolhida. Primeiro por ser comovente. Pode-se ver nela toda a dignidade dos japoneses perante o sofrimento. Depois por ser de uma incomparável perfeição na organização das massas, das linhas, não numa perspetiva de paisagem, mas quanto à distribuição dos corpos, dos rostos e das mãos.
A divisão dos símbolos na imagem atinge um tal requinte, que nos deixa boquiabertos. Porque quase parece que Cartier-Bresson coreografou as personagens. O que, obviamente, não aconteceu tornando fascinante a fotografia.
Da geometria deveria salientar-se o rigor, o frio, o desencarnado. Ora, da sua geometria esmeradamente rigorosa, destaca-se a emoção.
Pierre Assouline, Arte Magazine
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