quarta-feira, 3 de outubro de 2012

LIVROS: os novos romances de Modiano e de Échenoz


A nova temporada literária em França está a trazer a lume alguns novos romances, que se anunciam de leitura muito promissora. Entre eles os de dois dos três escritores dessa cultura que, pessoalmente, merecem a minha preferência (o outro é o nobel Le Clézio): Jean Echenoz e Patrick Modiano.
O autor de Ravel lançou agora «14», que começa com um longo plano-sequência a preto e branco de uma estrada da Vendeia aonde pedala um ciclista, passando depois por uma fábrica de sapatos de Nantes, por um grupo de cinco soldados a dirigirem-se para a frente da batalha de Somme e, enfim, pelo campo de batalha.
No regresso a Nantes só dois dos cinco soldados sobreviveram, um sem um braço e o outro cego. Ora eles tinham deixado à sua espera uma mulher, Blanche, que ainda não se decidira por nenhum deles, tanto mais que teria um terceiro debaixo de olho.
O epílogo ocorre na estação ferroviária de Montparnasse, em Paris, com um desenlace inesperado.
O romance de Modiano, «L´Herbe des nuits» inicia-se em 1964 quando o protagonista tem 20 anos e passa os dias a vaguear por Paris entre Montparnasse, as fundações para a construção de uma nova faculdade e o polo universitário do bairro Jourdan.
Através da sua equívoca amiga Dannie, conhece um bando misterioso de pseudo-estudantes, alguns acabados de sair da prisão, e outros a trabalharem para os serviços secretos marroquinos.
Existem falsos documentos, um crime, ameaças implícitas relacionadas com o caso Ben Barka, que levam Jean e Dannie refugiam-se numa casa do Eure-et-Loir.
Como sempre, Modiano cria uma atmosfera nostálgica, em que presente e passado misturam-se e problemas de identidade. Ainda hoje duvido da exatidão da minha certidão de nascimento reconhece o protagonista.

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