A alienação no sentido em que Karl Marx a entende, é a negação do tempo de viver no seio do regime de produção capitalista.
Esvaziado da sua substância, porquanto não apela a nenhuma competência pessoal, o trabalho reduz o homem a ser um assistente da máquina, um instrumento de instrumento.
Constrangido assim à condição de objeto, negado enquanto pessoa viva com necessidades legítimas, o trabalhador vê-se também espoliado dos benefícios do trabalho, que lhe permitiriam identificar-se com os produtos por si fabricados.
O operário substitui o artesão e o produto do seu trabalho limita-se a responder às necessidades de outrem.
A alienação define-se assim pela negação da personalidade, tratada enquanto simples ferramenta, sem ser reconhecida na sua atividade.
Mas será a alienação o exato oposto da liberdade? No seu sentido restrito a alienação não designa um facto, mas um estado, um processo de incorporação de um corpo estrangeiro.
Estar alienado corresponderia, pois, a sofrer um constrangimento exterior, mas presente em nós próprios, e nesse sentido submeter-se a algo ao mesmo tempo que nos vemos reduzidos ao estado de objetos.
Para o compreender basta pensar no mítico filme Alien, o Oitavo Passageiro, onde se vê uma criatura extraterrestre irromper da caixa torácica de Kane.
Ora, a objetivação do ser não é obrigatoriamente mortífera: para poder dizer sou, existo, devemo-nos considerar como capazes de pensarmos e afirmarmos algo. Ter consciência de si é considerar-se com a especificidade inerente à sua identidade.
Mas uma coisa é considerar-se como objeto enquanto condição de possibilidade do pensamento, enquanto uma outra é o ser reduzido ao estado de objeto por uma instância exterior. E é a partir dessa ambivalência do tema da alienação, que Karl Marx elabora o seu conceito desde os Manuscritos de 1844 ao magistral Capital.
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