sexta-feira, 26 de outubro de 2012

LITERATURA: a enésima despedida de um nobelizável frustrado!


Nunca tal deveria ter ocorrido, mas foi o próprio Lobo Antunes quem criou a dicotomia entre quem lhe aprecia a prosa ou quem lhe prefere a de José Saramago.
No meu caso a escolha de campo foi sem qualquer dúvida: prefiro mil vezes os romances do autor de «O Memorial do Convento» aos floreados umbiguistas do antigo psiquiatra do Miguel Bombarda, cujo interesse maior se quedou pelos seus dois primeiros romances (“Memória de Elefante” e “Os Cus de Judas”).
Mas o facto de lhe detestar a personalidade equívoca não me impede de ir lendo o que vai escrevendo, mormente as crónicas na «Visão». Ora, na semana passada, ele anunciou pela enésima vez o adeus à escrita.
Já o fizera antes, mas assim continua com um texto onde é justo, porém, salientar o epílogo com uma interrogação pertinente. Quando reconhece que, de cada vez que ouve um quarteto de Beethoven, é como se fosse a primeira vez. Como se pode agarrar, digam-me lá, o que constantemente muda?
Já que ele dá por praticamente terminado o seu trabalho e nos despacha com um Governem-se se forem capazes, libertemo-lo enfim do que parece ser um pesado fardo para nos sobrecarregar de romances indigestos e deixemo-lo com as excelentes composições do brilhante Ludwig. Com votos para que não fique surdo!

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