Há três meses e meio Nicolau Santos publicava no «Expresso» um artigo, que continua a ter grande relevância na definição do que se exige no futuro imediato enquanto alternativa à gestão macroeconómica das sociedades ocidentais. Porque regressa à questão da falta de ética dos bancos de investimento, incapazes de escaparem à sua essência predadora, que conduziu à crise de setembro de 2008.
Porque concordo em absoluto com o que aqui se defende, transcrevo-o enquanto programa político, que anseio ver defendido pelos políticos de esquerda, quer da Europa, quer das Américas. O poder das Goldman Sachs de Wall Street e da City londriona tem de ser travado.
A banca, grande responsável pela brutal crise que o mundo ocidental está a viver, não aprendeu nada com o tsunami que criou. Continua a ter o mesmo tipo de práticas e comportamentos, os mesmos estímulos perigosos, a mesma falta de ética para com os depositantes, a mesma arrogância e balofa superioridade que nos conduziram até aqui, a mesma divisa "a ganância é boa".
(…) Foram os políticos ocidentais que desregularam pouco a pouco os mercados de forma a permitir aos bancos crescerem brutalmente, assentes em alavancagens estratosféricas. E quando as coisas correram mal, os políticos ficaram reféns dos bancos, porque tinham crescido tanto que eram demasiado grandes para falir e o seu fecho acarretaria consequências imprevisíveis para todo o mundo. Foram assim salvos pelos políticos com muitos milhões do dinheiro dos contribuintes. Mas quatro anos depois demonstram que para eles o que importa é voltar rapidamente ao business as usual, fazendo tudo da mesma maneira errada que faziam antes.
Ora, é crucial cortar pela raiz este tipo de comportamentos. Este modo de pensar e de estar na banca de investimento tem de ser erradicado e, se for caso disso, radicalmente punido. Por isso, é necessário, imperioso e urgente separar de uma vez por todas a banca comercial da banca de investimento; retirar a banca de investimento do mercado de capitais; impor limites ao crescimento dos bancos, para que eles não se tornem demasiado grandes para falir; limitar os bónus e diferir o seu pagamento, garantindo que perdas futuras sejam deduzidas aos ganhos. Além disso, há que dar mais e mais poder aos reguladores e colocar em permanência representantes seus dentro das próprias instituições financeiras.
(…) Não, nesta gente não se pode confiar. As opiniões públicas têm de pressionar os políticos para dar mais poderes aos supervisores. E estes têm de ser implacáveis no seu trabalho. A ética tem de voltar a ser o lema de quem guarda o dinheiro dos cidadãos.
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