Os números são trágicos depois de, há muitos meses, terem deixado de ser alarmantes: cem mil portugueses - a maioria deles jovens com uma excelente qualificação! - estão a deixar anualmente o país, que perde assim toda uma geração fundamental para a modernização e para o crescimento económico, adiada desde a crise do subprime em 2008.
Tivéssemos outro governo, que não este, e a janela de oportunidade aberta pelo reconhecimento oficial do FMI quanto à falência dos seus modelos econométricos baseados exclusivamente na austeridade seria aproveitado para infletir a política desastrosa implementada a mando de Vítor Gaspar. Mas este mostrou-se, pelo contrário, incomodado por ser uma das instituições participantes da troika a declarar o óbito da sua estratégia.
Que chatice a realidade não se ajustar à folha de excel! Por muito que isso signifique um elevadíssimo crescimento de desemprego, do número de suicídios e de homicídios por violência doméstica e de esfomeados à porta das sopas dos pobres.
Para a generalidade dos comentadores, mais até do que o incompetente Passos Coelho, o perigo maior para o futuro dos portugueses chama-se de facto Vítor Gaspar.
No Económico, Bruno Proença ainda aposta na esperança de uma remodelação governamental, que leve o detestado ministro das Finanças, mas no i, Ana Sá Lopes reconhece que no estado em que as coisas estão, uma remodelação não servirá para nada – ou, se calhar, só para satisfazer alguns ministros desejosos de se aliviarem do fardo.
Comparando a situação presente à Dinamarca de Hamlet, Tomás Vasques conclui no mesmo jornal que Passos Coelho, desorientado, está a assumir, ao mesmo tempo, nesta tragédia que nos espreita, o papel de coveiro e de cadáver.
O verdadeiro Príncipe, Vítor Gaspar, depois do desastre, regressará a uma qualquer instituição europeia incólume, como se não tivesse levado um país à desgraça.
O único drama é que a maioria dos portugueses paga caro estes desvarios de um governo que já está morto e enterrado.
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