quarta-feira, 24 de outubro de 2012

POLÍTICA: Business above all


Para que não sobrem dúvidas o meu ateísmo é inquestionável. E a religião, se quase sempre equivale ao que Lenine classificou de “ópio do povo”, consegue ainda ser algo de mais tenebroso quando se assume como arma de prosélitos fanáticos apostados não só em crerem nas suas idiotices, mas sobretudo em quererem impô-las forçosamente aos outros.
É por isso que nunca fui simpatizante das chamadas primaveras árabes, já que os resultados estão á vista: para possibilitar aos monopólios ligados à indústria do petróleo continuarem a dominar o mercado numa lógica de cartelização, a esquerda europeia dispôs-se a servir de idiotas úteis na promoção do derrube de saddams, kadhafis, ben alis ou mubaraks.
Que tais políticos eram gente com culpas no cartório não custa acreditar. Mas serão melhores os que dirigem a Arábia Saudita, o Qatar ou o Barhein?
No Iraque, na Tunísia, no Egipto ou na Líbia, antes da alteração dos regimes aí instalados, a mulher usufruía de direitos de respeito e de igualdede, relacionados com a laicidade dos governos, que os novos poderes se preparam para torpedear.
Pior ainda: se o regime iraniano é insuspeito de ligações a terroristas salafistas (como nunca se conseguiu provar qualquer ligação, mesmo que ténue, entre Saddam Hussein e a Al Qaeda) essa certeza deixa de ter assim tanta consistência com os regimes saídos dessa tal Primavera árabe.
Que Hollande ou Mário Soares apostem na designação do regime de Assad como ditadura, quando os supostos rebeldes não apresentam melhor currículo na matéria demonstra que uma certa esquerda não aprende com as lições do passado e continua a servir de aliados inconscientes de uma estratégia, que continua a ter no domínio dos mercados do petróleo a sua origem.
Para os donos das petrolíferas texanas  pouco lhes importará se as mulheres árabes têm mais ou menos direitos e se a sharia impõe condenações medievais aos que são acusados de insubmissão. Conquanto possam continuar a fazer com eles bons negócios até de pouco lhes interessa se os parceiros continuam a financiar novos ataques terroristas a símbolos norte-americanos...

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