Nesta fotografia confrontam-se dois mundos sem se compreenderem um ao outro. Nisso reside o seu maior interesse. Tanto mais que a radicalidade desse confronto é verdadeiramente refrescante.
Ela ilustra na perfeição o espírito do Maio de 68 e o choque cultural subsequente. Toca-me também porque me faz recordar o meu avô. Ele tinha este aspeto com o fato e o chapéu tal qual se usavam há muitos anos.
Como sempre a impressão é notável com uma certa doçura no equilíbrio dos negros, nos brancos e nos cinzentos.
Uma grande parte do talento de Cartier-Bresson reside no cuidado dessa impressão. Aqui o equilíbrio é voluntário, como se os dois mundos valessem por si sem julgamentos, quer sobre o antigo, quer sobre o que se seguiria de acordo com a inscrição provocadora na sua promessa de liberdade.
Proveniente de um meio burguês Cartier-Bresson sempre se apresentou como um libertário. Pelo que o slogan só poderia agradar-lhe...
Pierre Assouline, Arte Magazine
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