No próximo domingo a tarde televisiva do canal ARTE é dedicada aos Beatles, cujo sucesso nos anos 60 e 70 não deixa de espantar quem, à distância, tem dificuldade em compreender o interesse por eles despertado.
Adolescente nessa época, confesso que nunca fui grande entusiasta das suas canções. Conhecia-as, cantarolava-as em voz baixa, mas preferia as de outros grupos da época como Peter, Paul & Mary, Simon & Garfunkel, Crosby, Stills, Nash & Young ou uns Doors, que tinham como líder um Jim de fama sulfurosa.
Mas também verdade se diga, que os preferia a uns Rolling Stones com quem nunca deixei de embirrar!
Os quatro cavaleiros de Liverpool já então se revelavam demasiado certinhos, coniventes com o estado das coisas, que contribuíam para preservar em vez de o tornar equacionável, transformável!
Na realidade surtiam um efeito singular no inconsciente profundo de quem os idolatrava: reconciliavam o ocidente, ainda mal saído da memória dolorosa da 2ª Guerra Mundial, com os valores da amizade, da sinceridade, da honestidade e da lealdade.
Os filhos dos que tinham vivido momentos tão difíceis vinte anos antes, mostravam-se confusos com a profusão de divórcios, de segundos casamentos e de famílias em recomposição, e viam nos Beatles a personificação da inocência perdida de que sentiam saudades. É esse sentimento que explica os milhões de discos vendidos de entre os treze álbuns criados em apenas oito anos…
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