A estratégia de aguiar branco, e do governo em geral, para tornear uma das suas mais polémicas decisões - o encerramento dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que custará entre 250 a 300 milhões de euros aos contribuintes e a sua entrega à Martifer - passará por querer imputar a causa desse desiderato à recusa da Atlanticoline em aceitar o ferry ali construído.
Muito embora essa decisão careça de melhor clarificação, mormente quanto a quem e quanto ganhou com o afretamento dos navios entretanto contratados para garantir o serviço de transporte entre as ilhas do arquipélago, havia uma vontade evidente de destruir a empresa de construção naval onde se conservou o conhecimento essencial para uma das principais áreas de atividade suscetíveis de serem potenciadas num país virado para a exploração da sua maior riqueza: o oceano.
Mas embora, nos últimos anos, cavaco silva tenha imitado amiúde São Tomás, a respeito do que disse sobre a necessidade de reorientação da economia portuguesa para as atividades relacionadas com o mar, os seus diletos representantes no executivo vêm apostando, desde o início, na sabotagem desse objetivo.
Ainda se desconhecendo o que será o projeto da Martifer para toda a enorme área ocupada pelo estaleiro, aguiar branco cumpriu o desígnio a que passos coelho se predispôs desde a chegada ao Governo: a destruição de tudo quanto corresponda a interesse público e possa garantir rendimentos a ínvios interesses privados.
Vem nesse sentido o que alguns elementos da Comissão de Trabalhadores vieram agora denunciar: terá sido o atual governo a promover em Bruxelas a denúncia dos apoios conferidos no período do seu antecessor aos Estaleiros de forma a provocar uma coima da União Europeia, que facilitasse a almejada privatização.
Só a custo o comissário Almunia terá aceite essa denúncia sem deixar de alertar para a possibilidade de considerar aqueles apoios num âmbito perfeitamente justificável á luz das regras comunitárias. Daí a demora numa decisão, que não impediu aguiar branco de prosseguir com a singular concessão.
Mas se o governo não sai nada bem desta história, que porventura será melhor esclarecida num futuro próximo mediante aferição judicial, também os sindicatos afetos ao PCP cumpriram um papel lamentável em todo esse processo. Porque terão aproveitado a ausência em Bruxelas dos dirigentes da Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros para negociarem à pressa um acordo social destinado a agilizar a rescisão dos contratos retirando força a uma luta, que prometia estar longe de derrotada.
Segundo esses membros da CT alguns dos dirigentes sindicais que subscreveram o acordo, por serem trabalhadores com mais anos de estaleiros, receberam as compensações mais elevadas. “Um desses colegas recebeu 120 mil euros”, disse António Costa.
Seria bom que estes exemplos constituíssem exceção, mas não deixa de ser estranha a frequência com que vemos tantas vezes os comunistas e a direita darem as mãos, quando as lutas dos trabalhadores não se guiam pela cartilha da CGTP!
Sem comentários:
Enviar um comentário