sábado, 8 de março de 2014

LITERATURA: de regresso a Dashiell Hammett

A primeira imagem em que penso, quando o nome de Dashiell Hammett me surge a talhe de foice é a do filme «Julia» de Fred Zinnemann, quando ele era aí personificado por Jason Robards, e tinha Jane Fonda a fazer de Lilian Hellmann.
A casa de praia, onde eles contracenavam nalgumas das principais cenas, figurou por muito tempo como o paradigma da que eu teria gostado de possuir por muito que os temporais das últimas semanas me demonstrem as desvantagens viver demasiado perto da força tremenda do mar.
Enquanto viveu, Dashiell Hammett enfrentou perigos bem maiores do que os dessa força da natureza. Conheceu as trincheiras da Primeira Guerra Mundial, os dilemas de trabalhar para uma agência de detetives contratada para agredir, e até assassinar, dirigentes sindicais e enfrentou com coragem a cobardia aviltante do senador McCarthy devido às suas ligações ao Partido Comunista norte-americano.
A somar a tudo isso houve a tuberculose a inquietá-lo durante anos a fio e impedindo-lhe outra atividade, que não a da escrita a tempo inteiro. Daí que tenha assinado inúmeros contos, novelas e romances, muitos dos quais aproveitados por Hollywood, onde seria um dos mais conceituados argumentistas.
Sam Spade, um dos seus personagens de eleição, encontrou  em Humphrey Bogart o intérprete definitivo por muito que outros tenham ousado enfiar-se posteriormente nas mesmas vestes. Mas muitos outros detetives privados sairiam da sua imaginação, todos eles a frequentarem as zonas mais sombrias das glamourosas metrópoles americanas.
Com «A Maldição dos Dain» e «O Homem Sombra», a Porto Editora anda a reeditar a obra de Hammett em português, conferindo-lhe um cuidado até agora inédito noutras edições anteriores. Os admiradores do escritor norte-americano só lhe podem ficar agradecidos.


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