segunda-feira, 3 de março de 2014

POLÍTICA: O que eu desejo ver concretizado por Jorge Coelho

Li algures que o regresso de Jorge Coelho às lides socialistas tem por objetivo não só ajudar António José Seguro a ganhar a batalha das europeias mas também a levar por diante a lógica de “quem se meter com o secretário-geral leva”.
Desconheço onde o autor de tal notícia foi buscar a informação, a que acrescentava ainda algum picante com a referência a amizade existente entre o antigo presidente da Mota Engil e miguel relvas, de cujo casamento teria sido um dos mais diletos convidados.
O que haverá aqui de verdade? Posso ter grandes reservas à veracidade da notícia por ter visto em tempos Jorge Coelho dar um apoio sério à liderança de José Sócrates de quem não o veria agora como injustificado opositor. Bem ao invés. Mas, como se viu com os recentes e rasgados elogios de António Vitorino ao recém nomeado diretor do FMI, não falta quem no PS queira dar-se bem ao mesmo tempo com o Diabo e o Bom Deus.
Embora constitua pílula difícil de engolir por uma liderança, que preferiu surgir em rutura para com a anterior em vez de se reivindicar na sua continuidade, seria positivo que o regressado consultor conseguisse que o Partido Socialista viesse a reivindicar todo o importante legado positivo deixado ao país pelos governos de José Sócrates, nomeadamente em muitas das reformas efetivamente estruturantes para a modernização e crescimento da economia nacional. E que passos coelho e seus cúmplices decidiram destruir sem nada de melhor virem a implementar em troca.
Deixar para o antigo primeiro-ministro o combate solitário de  desmontagem de toda a narrativa, que foi desenvolvida anos a fio por correios da manhã, felícias cabrita, bloguistas e outra gente sem escrúpulos para que se chegasse ao momento da conjunção entre a direita, o PCP e o BE com o fim de o derrubarem, só tem sido prova de pouca inteligência estratégica por parte de quem ocupa os principais gabinetes do Largo do Rato.
Está igualmente a ser utilizado um tipo de artilharia que aposta na contínua desqualificação da social-democracia europeia (que estaria em insanável crise!) e do próprio isolamento dos socialistas portugueses em relação aos seus congéneres europeus, supostamente todos rendidos à volúpia tentadora da austeridade.
Ora convirá que Jorge Coelho traga alguma eficácia à neutralização desse argumento, porque encontra eco na característica bem portuguesa de apreciar o aplauso alheio ao que por cá se passa. Importa reivindicar para os socialistas portugueses, quer nas instituições europeias para onde se irão candidatar, quer depois nas relações intergovernamentais aquando da provável vitória nas legislativas de 2015, o papel proactivo na procura de alianças sólidas com quem possa contrariar a lógica em que se inserem o PSD e o CDS, que é a de se terem convertido nos colaboracionistas sem vergonha de quantos colocaram como objetivo o seu enriquecimento à custa do empobrecimento dos povos do sul da Europa.
Tem faltado imaginação e determinação no discurso político emitido pelos dirigentes socialistas, quando falam do Largo do Rato e que nada têm aprendido com quantos camaradas seus costumam tomar a palavra nos corredores ou no plenário de São Bento. Nesta altura quem trata das questões da propaganda na sede nacional já deveria ter garantido que só uma minoria de portugueses ainda estarem disponíveis para acreditar no Pai Natal e ... em tudo quanto passos coelho e paulo portas lhes vêm comunicando sobre o desemprego, as exportações ou a dimensão da dívida externa.
Em tempos idos, e com Jorge Coelho à frente da máquina eleitoral socialista, o Partido contou com a clarividência de um Edson Athayde para dar mais colorido e capacidade de penetração da sua mensagem política. Seria bom que algo de semelhante se repetisse nas próximas semanas para garantir em Maio a grande derrota da coligação de direita, que estes dois anos e meio mais que justificam.
E questão de não menor importância: seria bom que Jorge Coelho operasse uma depuração eficiente nalgumas ideias absurdas, que teimam em surgir do meio das propostas políticas consistentes e de matriz socialista. O PS tem de demonstrar uma Visão de futuro credível e esperançosa para as várias gerações de portugueses.


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