Olhando para as notícias do dia - e nem é preciso enfatizar a dimensão da manifestação das polícias em frente a São Bento - podemos encontrar nas de menor dimensão, e que passam quase despercebidas, os sinais de uma degradação imparável da situação da maioria dos portugueses. Assim soube-se que o número de ordens de penhoras de vencimentos e de salários por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) a contribuintes com dívidas ao fisco disparou 19% em 2013 face ao ano anterior, chegando às 532.042 ordens de penhoras. Por outro lado, em Janeiro, as empresas que pediram novos empréstimos aos bancos nacionais viram o custo com juros subir ligeiramente. De acordo com informação do Banco Central Europeu (BCE), os empréstimos até um milhão de euros ficaram acima dos 6%, mantendo uma trajetória muito próxima dos custos suportados pelas empresas gregas.
Em suma: se Montenegro afiançou quão melhor está Portugal, os cidadãos e as empresas portuguesas deparam-se com novas dificuldades para se somarem às anteriores suscitadas pelas políticas deste governo.
É claro que, para muitos, a única solução para a impossibilidade de encontrarem emprego em Portugal reside na emigração. Mas, de acordo com o primeiro-ministro luxemburguês de visita a Lisboa, muitos deles terão as portas fechadas. Segundo declarou: não temos lugar para mais portugueses com baixas qualificações, que continuam a chegar ao Luxemburgo ao ritmo de 10 mil por ano.
Uma referência ainda para um artigo do Manuel Loff, que nos dá conta do que era anteontem revelado pelo jornal londrino «Guardian» a propósito dos que passaram a ocupar as cadeiras do poder em Kiev: Desde um ex-diretor dos serviços secretos, agora Presidente interino, Olexander Turchynov, que terá destruído documentos que comprovariam ligações da ex-primeira--ministra Timochenko com o crime organizado; um banqueiro, Arsen Avakov, acusado de operações ilegais com terras do Estado, agora nomeado ministro do Interior; um ultradireitista antissemita, Dmitri Iarosh, nomeado vice-diretor dos serviços secretos; um vice-primeiro-ministro, Oleksandr Sych, que acha coisas tão liberais como que as mulheres “devem mudar de vida, se querem evitar o risco de violação”
Não deixa, porém, de ser impressionante como a imprensa escrita e televisiva portuguesa se deixou contagiar pelo discurso tendencioso emitido pela Casa Branca e pela União Europeia a respeito do que se passa na Crimeia: voltámos ao maniqueísmo indecoroso da Guerra Fria!
(itálicos retirados da edição de hoje do «Público»)
Sem comentários:
Enviar um comentário