Tinha treze anos, quando vi «2001, Odisseia no Espaço» pela primeira vez. E o efeito foi tal, que nunca mais o esqueci. De repente a Pré-História, com a passagem dos símios para a condição humana, passava a ter a imagem emblemática de um osso logo transformado em nave espacial. E depois do alerta para os perigos de ver as nossas vidas controladas por máquinas, ficava a grande questão que alimentaria horas de discussão nos corredores do liceu onde então passava as tardes: o que significaria esse caixote em forma de paralelepípedo, primeiro a surgir na Lua e depois, quase no final do filme, a reaparecer na órbita de Saturno?A vida muito secreta de Kubrick assemelhar-se-ia a esse objeto então objeto de tantas conjeturas. E se o cunhado dele, ajudado pela irmã - casada com o realizador mais de quarenta anos - não consegue esclarecer os muitos mistérios de quem optou por uma quase clandestinidade, apenas interrompida pelos tempos de rodagem dos seus filmes, quem poderia ir mais além?
O mistério Kubrick só pode ser esclarecido pelos seus filmes, tão diferentes entre si, e quase todos obras-primas que dá gosto ir vendo e revendo sempre que possível...
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