Nos programas televisivos de opinião política desta semana devemos realçar alguns aspetos particularmente relevantes no que disseram Daniel de Oliveira no «Eixo do Mal» e José Sócrates no seu espaço de opinião.
O primeiro fez uma distinção bastante acutilante entre os significados das palavras consenso e arranjo. Assim, quando mais de setenta personalidades de diversas origens políticas subscreveram uma proposta política e económica bastante clara temos um consenso e demonstra-se, que eles são possíveis na sociedade portuguesa.
Persiste a desejável e democrática pluralidade de opiniões, mas num tema específico é possível encontrar um máximo denominador comum.
E se ele é fundamental para o nosso futuro coletivo!
Até em Belém - pelo menos de acordo com o tal «Prefácio» ao oitavo volume de Roteiros cavaquistas - se reconhece que a dívida gerada pela austeridade dos últimos três anos é impossível de pagar sem que os portugueses fiquem condenados a uma pauperização ainda mais dramática nas próximas décadas.
Por isso – e José Sócrates também o referiu! - é fundamental intervir nos juros que pagamos, nos prazos de amortizações e numa mutualização de parte dessa dívida como modelo de uma Europa, que pretenda consolidar a União em que apostou a geração de visionários liderados por Jean Monnet.
«Ai que este não é o momento apropriado para fazer ondas!», clamaram alguns. Respondeu Sócrates com a pergunta assassina: não é agora que se conhecem os resultados de como a direita quis aplicar o memorando subscrito com a troika? E que aumentou exponencialmente a dívida, causou três anos consecutivos de recessão e levou o índice real de desemprego (não o que o governo proclama!) para a dimensão que se conhece?
«Ai que os mercados vão reagir negativamente!», reclamaram outros particularmente mais preocupados com os humores dos mercados do que com o «mal de vivre» dos portugueses!
Riposta novamente Sócrates com acuidade: e eles não conhecem bem de mais a realidade das finanças portuguesas? Não existem relatórios suficientes do FMI e de outras instituições internacionais, que dão o retrato fiel e verdadeiro do que são as contas públicas.
Voltando ao comentário de Daniel Oliveira dá para compreender o que suscitou tanto nervosismo com este Manifesto: é que passos coelho e cavaco têm sido tão pródigos em declarações sobre a necessidade de consensos, que este de superlativa expressão, veio desmontar-lhes o discurso. Porque, concluiu o comentador do «Eixo do Mal», o que a direita quer não é um consenso, mas um arranjo, ou seja uma forma de comprometer o Partido Socialista com o vínculo às mesmas políticas por ela implementadas desde 2011 e que conduziram a tão maus resultados para os portugueses e, já agora, tão benévolos resultados para os jardins gonçalves, os belmiros, os soares dos santos e por certo, também proximamente, para os oliveira e costas e os joões rendeiros.
No mesmo programa a Clara Ferreira Alves, cujos neurónios parecem ajustar-se cada vez mais com a cor dos seus cabelos pintados, entrava em histeria, porque o Manifesto não implicava um compromisso de governabilidade que, em seu entender, só é possível com os dois maiores partidos políticos. E Daniel Oliveira deu-lhe o troco devido numa noite em que ela voltou a estar particularmente infeliz: os consensos que contam não acontecem obrigatoriamente nos partidos políticos podendo gerar-se na sociedade para se imporem depois aos atores políticos. Mas a interlocutora estava demasiado focalizada no arranjo que almejava - e que por isso a leva a desqualificar constantemente o líder do Partido Socialista por não se lhe submeter - em vez de usar a sua desnorteada mente…
Voltando, enfim, à intervenção de José Sócrates foi importante ouvi-lo defender Vítor Constâncio depois de se ouvirem propósitos pouco abonatórios sobre o caso jardim gonçalves. É que foi, ainda sob os auspícios do atual vice presidente do BCE à frente do Banco de Portugal, que se descobriram as fraudes cometidas por jardim gonçalves, se organizou o respetivo processo e se estipulou a multa correspondente. E agora seria ele - e não o seu sucessor carlos costa ou a justiça, que paula teixeira da cruz afiançara não tolerar mais com a impunidade! - o culpado da obscena prescrição agora declarada?
Mas compreende-se que quem se atiçou com o Manifesto e se esforça por defender o indefensável na política deste governo, queira poupar o atual governador do Banco de Portugal quando, até pelo livro de David Dinis e Hugo Filipe Coelho se percebe quanto ele foi determinante para ser levada até ao fim a conspiração, que em 2011, derrubou o governo anterior...
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