Uma semana depois do derrube do presidente democraticamente eleito por uma «revolução» onde tiveram grande intervenção os militantes neonazis, vale a pena sistematizar nalguns pontos a atual situação na Ucrânia:
· A província da Crimeia já se dissociou dos novos governantes em Kiev reivindicando os direitos da maioria dos seus habitantes, dos quais 64% são de origem russa. A região sempre foi russa desde o final do século XVIII e só se viu integrada na Ucrânia em 1954 por decisão do então presidente Nikita Kruschev;
· Um dos argumentos, que dá razão à população russófona de toda a Ucrânia foi uma das primeiras decisões dos novos governantes em Kiev: a revogação da lei, que instituía o russo como uma das línguas oficiais nas regiões onde a maioria da população é dessa origem;
· Poderá ser fator de instabilidade na Crimeia a minoria tártara, que alimenta grande ressentimento contra Moscovo, devido à deportação em massa de que foi vítima em 1944;
· O agora designado primeiro-ministro do regime de Kiev revelou haver um buraco nas contas públicas superior a 50 milhões de euros, ascendendo a 75 mil milhões o total da dívida pública atual;
· Perante o desemprego em crescimento galopante e a fuga acelerada dos investimentos estrangeiros, o mesmo governante prepara-se para levar por diante a redução dos programas sociais e subvenções no âmbito de uma redução drástica das despesas orçamentais;
· Enquanto a Rússia já suspendeu o empréstimo de 11 mil milhões, que prometera ao regime deposto, os EUA estão a preparar-se para avançar com um pacote de mil milhões de euros e a União Europeia com 1,5 mil milhões de euros. Ou seja, a soma dos apoios norte-americanos e europeus não chegam a 1/4 do que já estava prometido pelos russos.
· Estará por definir qual o preço a que os ucranianos passarão a pagar o gás e o combustível importado quase exclusivamente da Rússia;
· Ainda não se ouviu da boca de Vladimir Putin qualquer reação relativamente ao sucedido no país vizinho.
Conclusão: longe de se chegar à fase da lavagem dos cestos, na Ucrânia ainda restará muito por vindimar...
Sem comentários:
Enviar um comentário