quinta-feira, 13 de março de 2014

SERIAL: The Perils of Pauline (1914)

«The Perils of Pauline» foi um serial norte-americano datado de 1914 e que tinha Pearl White como protagonista.. Com ela criava-se o estereotipo da donzela em apuros, que iria ser doravante glosada como uma das personagens mais recorrentes do cinema posterior, sobretudo nos filmes de ação e aventura.
Nos vários episódios da série Pauline era ameaçada por todo o tipo de vilões, incluindo piratas e índios, e em todos eles salvava-se in extremis.
Essa era uma das diferenças principais em relação ao género, que ajudaria a tornar tão popular nos cinemas americanos e europeus: enquanto com muitos outros heróis se deixava o público em suspenso no momento em que tudo parecia para eles perdido, com Pauline acompanhava-se toda a intriga até ao momento crucial, quando ela passaria por perigos fatais até um conjunto de circunstâncias a poupar.  Nesse sentido está mais enquadrável no conceito de «série» do que de «serial».
No primeiro dos vinte episódios - estreado no Lowe’s Broadway Theatre em 23 de março de 1914 - vemos como o tutor de Pauline, Marvin, morre sem ver concretizado o sonho de a ter casada com o filho, já que ela reivindicara um ano para passar por aventuras excitantes antes de aceder a cumprir esse desejo. Por isso, no testamento, Marvin confia-a ao seu secretário, Koerner, em quem confia totalmente, desconhecedor do seu passado comprometedor.
Está estabelecida a trama previsível: o seu suposto guardião estabelece cumplicidade com antigos elementos do seu bando para matar a rapariga e ficar-lhe com a herança. Obviamente vendo frustradas todas as tentativas nesse sentido.
Na época ainda não eram comuns os duplos, pelo que Pearl White interpretava todas as cenas em que se exporia a consideráveis riscos.
Para a história das filmagens ficam situações como a da cena de balão em que foi acidentalmente levada pelas ruas de Nova Iorque só parando muito longe dali. Ou quando, numa queda mais brusca, sofreu danos irreversíveis nas costas.
Houve quem explicasse a sua morte precoce, aos 49 anos, de cirrose, como suscitada pelo excesso de álcool,  que consumia para aplacar as dores das lesões contraídas nas suas audaciosas interpretações.
Em 1915, quando a Grande Guerra alastrava pela Europa  e as plateias ansiavam por evasão, Pearl White voltava aos ecrãs com um novo serial intitulado «The Exploits of Elaine», que, em doze episódios de vinte minutos, a levava a acompanhar um detetive na busca do assassino do seu pai.
Esse detetive chamava-se Craig Kennedy e era uma espécie de Sherlock Holmes, que recorria à psicanálise, à química e a um conjunto de ferramentas científicas (o polígrafo, por exemplo) para estabelecer a verdade. Por isso serviria de padrão para a criação posterior de personagens de policiais em que importava ir interpretando as pistas mediante o recurso a tecnologias científicas.



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