Agora publicada, a edição mais recente do «Society at a Glance 2014)» é um relatório que analisa, de dois em dois anos, os indicadores sociais dos países da OCDE . Não só dos que integram a União Europeia, mas também outros como a Islândia, os EUA, o México e a Turquia.
Sem surpresa reconhece-se que, desde a edição anterior, em Portugal, os rendimentos mais baixos caíram e a desigualdade aumentou.
O ponto de partida, antes da crise - surgida entre 2007 e 2008 - já era mau: Portugal já era então um dos países onde se verificavam maiores índices europeus de desigualdade social. Mas, em 2010, o fosso entre ricos e pobres já era o maior entre todos os países da OCDE.
De então para cá, Portugal perde em média 2700 empregos todas as semanas. Por isso mesmo o desemprego aumentou mais do dobro do que na média de todos os restantes países. Um facto que justificaria uma atenção particularmente empenhada do governo de passos coelho! Mas o que se verificou foi, precisamente o contrário: os recursos adicionais para fazer face a esse fenómeno (e destinados ao apoio social) não chegou a um terço da média do aumento desses recursos nos restantes países da OCDE
Conclui-se que a parcela das despesas sociais destinadas a apoiar as famílias e a população ativa continuam a representar uma parcela muito pequena do total: apenas 8,5% quando a média dos países da OCDE é de 14%.
O Relatório mostra que, entre 2008 e 2013, os gastos sociais subiram cerca de 4%, muito abaixo dos 18% de aumento em Espanha ou dos cerca de 15% na Irlanda, dos 11% na média dos países da União Europeia e dos quase 14% na média dos países da OCDE.
Outro indicador que revela a indiferença, que lhe merecem os mais pobres, o governo de passos coelho reduziu drasticamente os apoios sob a forma do rendimento social de inserção: em Julho de 2013 chegava a menos 30% das pessoas do que em 2010.
Face a esta realidade explosiva o relatório faz três propostas, que obviamente serão ignoradas por quem as deveriam ter bem em conta:
· Uma primeira prioridade é garantir apoio básico para os mais desfavorecidos.
· Uma segunda prioridade é ajudar as famílias mais desfavorecidas a rapidamente beneficiarem de uma retoma económica.
· Mas mais ainda precisa de ser feito para reduzir os desequilíbrios, quando quase seis em dez desempregados não estão a receber subsídio de desemprego.
(texto baseado no artigo de Ana Dias Cordeiro inserido no «Público» de 19/3/2014
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