terça-feira, 13 de maio de 2014

POLÍTICA: a quarta viagem de que José Sócrates não falou em Matosinhos

A primeira vez que se colocou a possibilidade de votar em José Sócrates para secretário-geral do Partido Socialista, a minha opção como militante foi a de escolher Manuel Alegre. Terá sido a única vez que me enganei a seu respeito e nunca mais deixei de corrigir esse erro votando nele quer em todas as posteriores eleições internas ou nacionais.
Analisando os seus mandatos como primeiro-ministro podemos reconhecer algumas avaliações desajustadas da dinâmica histórica então em curso, mas, no essencial, podemos enumerar dezenas de razões para o considerarmos, sem qualquer rebuço, e a par de Mário Soares, como um dos melhores primeiros-ministros do pós-25 de abril.
É por isso assaz interessante acompanhar a forma como, pouco a pouco, ele se vai reapropriando de um merecido protagonismo no Portugal de hoje com a justificada expectativa de voltar a ser determinante na definição dos caminhos para onde a História nos deverá futuramente conduzir.
Curiosamente não tem sido a sua rubrica semanal na RTP a ter maior influência nessa reafirmação da sua personalidade. Embora todas as semanas ele procure ser esclarecedor sobre os acontecimentos anteriores, tem sido seriamente prejudicado pelos interlocutores, que ora o tentam contraditar, ora passam o tempo a apressá-lo para que o essencial da sua mensagem se perca na pressa de a transmitir.
A recente passagem pelo festival Literatura em Viagem em Matosinhos vem confirmar o que a publicação do seu ensaio sobre a tortura já pressupunha: injustamente desqualificado devido à forma como pretenderam manchar o seu currículo académico, Sócrates regressa à ribalta enquanto homem de cultura, que pensa pela sua cabeça e possui uma erudição, que ainda mais achincalha os que o invejaram e difamaram, porque nunca deixarão de ser os mesquinhos ignorantes, que sempre ridiculamente se sobrevalorizaram.
Quem esteve na conferência de Matosinhos ficou encantado com a inteligência e a versatilidade com que Sócrates definiu três tipos de viagens. Só lhe faltou abordar a quarta: aquela que, no vernáculo luso, deverá servir para mandar os seus detratores para … outro lado!


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