quarta-feira, 21 de maio de 2014

POLÍTICA: A pressa com que querem privatizar a Segurança Social

Primeiro foi a Educação e a Saúde. Promovidos a objetivos constitucionais de gratuitidade para toda a gente, logo mereceram da direita as campanhas mediáticas destinadas a desvalorizá-las enquanto serviço público, porquanto quem ela representa via dois setores importantes para a criação de mais valias tomados de assalto pelo Estado no pós-25 de abril.
Enquanto não promoveram tudo quanto foi necessário para sobrevalorizar as escolas privadas em detrimento das escolas públicas, essa direita não descansou. Por isso mesmo odiou tanto José Sócrates e organizou as campanhas destinadas a difamá-lo: as iniciativas do seu Governo para valorização da escola pública através da introdução dos computadores ou do ensino do inglês punham em perigo os lucros já garantidos com tantos colégios privados existentes aonde deveria ser o Estado a cumprir o imperativo constitucional. E como não relacionar as campanhas insidiosas contra as obras do Parque Escolar, quando se estavam a criar as condições para as escolas públicas ficarem tão modernizadas e confortáveis como as privadas?
Com a Saúde o processo foi similar: já na década de 80 um deputado da direita sácarneirista  proclamava em bom som que «quem quer saúde paga-a»! Porque haveria o Estado de intrometer-se numa área de atividade onde tanto dinheiro haveria a ganhar tendo em conta a imprescindibilidade dos serviços em causa? Também aqui as campanhas para transferência dos utentes do Serviço Nacional de Saúde para as seguradoras privadas tem sido bem sucedida com a maioria da classe média a deixar-se embalar pela s campanhas de promoção, que tenderiam a demonstrar a excelência da capacidade e da qualidade dos hospitais e clínicas privadas?
Por isso mesmo as campanhas para denegrir o Serviço Nacional de Saúde são constantes, ao mesmo tempo que se promove Paulo Macedo a ministro do setor depois de ter feito carreira num dos grupos privados mais apostados na exploração desse negócio.
Agora, tendo já conseguido grande parte do seu objetivo nessas duas grandes áreas da atividade económica ainda em parte na tutela do Estado, prepara-se para atacar a Segurança Social. Quanto dinheiro é nela depositado por milhões de portugueses para que venham a ter direito a pensões de reforma? A aplicação desse dinheiro em investimentos mais ou menos especulativos atiça a gula da direita dos interesses que procurará precarizar a relação de confiança existente entre os cidadãos e o Estado (daí o ataque contínuo aos pensionistas por parte deste governo) de forma a tornar mais aliciantes os PPR’s apresentados pelo sistema financeiro.
Como sempre surgem a cavalgar esta estratégia os suspeitos do costume: os que provocam com as crises que afetam as classes médias e baixas de todo o mundo e com elas ficam a lucrar aumentando riqueza enquanto todos os outros empobrecem.
Como escreve o investigador José Luís Albuquerque no «Le Monde Diplomatique» deste mês a estratégia de quem procura destruir a Segurança Social pública de cariz universal e solidário (…) passa por omitir e censurar a informação “inconveniente” para tentar demonstrar a tese da insustentabilidade da Segurança Social e do sistema de pensões, tantas vezes anunciada e não verificada, ainda que devamos estar conscientes de que existem constrangimentos e tensões no sistema.
Também aqui a direita odiou a muito elogiada reforma operada na Segurança Social pelo ministro Vieira da Silva e que procurou corresponder a essas mesmas tensões suscitadas pelo envelhecimento da população e pela evolução da curva da natalidade. E por isso tratou de avançar com a austeridade bastante para fazer emigrar os mais novos acentuando o envelhecimento da população e a precarizar ainda mais o emprego dos que ficaram para lhes tolher os projetos de serem pais, reduzindo drasticamente o número de nascimentos em Portugal.
Em apenas três anos a direita tratou de agudizar ao máximo as condições para que a reforma da Segurança Social  implementada no governo de José Sócrates não chegue para manter a sustentabilidade do sistema. E já saliva perante a possibilidade de avançar com o plafonamento dos descontos a ele destinados de forma a propiciar os almejados lucros aos que dela fazem as suas submissas marionetas.


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