segunda-feira, 5 de maio de 2014

HISTÓRIA: um tal Rumsfeld a contas com o nosso 25 de abril

As comemorações dos 40 anos do 25 de abril já lá vão e, embora significativas, as manifestações de rua, ocorridas na véspera e no próprio dia da Revolução, não conseguiram tornar-se na tal gota, que pudesse extravasar o copo já demasiado cheio dessa malfadada austeridade de que os portugueses estão fartos.
Mas, de entre as muitas novidades trazidas por conferências e artigos de jornais e revistas, vale a pena salientar um aspeto menos conhecido do que se passou em 1974/75 e a afirmação global de uma tendência que se estendeu a outros lugares.
O lado menos conhecido do que então ocorreu, nomeadamente a intervenção significativa dos norte-americanos no sentido de deixarem cair a tentação golpista de Spínola - então disposto a tornar-se num novo Pinochet - e apoiarem Mário Soares contra a opinião do influente Kissinger, que via nele um novo Kerensky, muito se deveu à persistência na defesa dessa tese pelo embaixador Carlucci junto do presidente Gerald Ford, contando para tal com o apoio de Donald Rumsfeld, que tinha um ódio de estimação pelo secretário de Estado.
Temos, pois, a notícia de se ter evitado a guerra civil em Portugal no Verão Quente de 1975 por ação indireta e de um crápula, que se tornaria depois tão conhecido devido ao seu papel na invasão do Iraque.
Mas estas comemorações também serviram para mostrar o papel pioneiro da Revolução dos Cravos num conjunto muito significativo de outras transformações radicais noutras latitudes, com efeitos imediatos na Grécia ou na Espanha - onde as ditaduras pouco mais se aguentaram! - mas também antiga Rodésia, no Brasil, na Argentina, na África do Sul e em muitos outros países onde o imperativo democrático se sobrepôs à vontade de tantos déspotas.
Pode-se dizer que, virando à esquerda, Portugal deu um sinal de partida para que o mundo o imitasse.


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