Que o imaginário e o sonho sejam, artisticamente, mais importantes do que a representação da natureza - com o pretendiam os impressionistas, seus contemporâneos - eis a mensagem legada por Redon.
Artista discreto e reservado, ele pretendia colocar a «lógica do visível ao serviço do invisível», ou seja, desse mundo mágico onde reinam o medo pelas forças misteriosas e as estranhas visões, que se descobrem nas litografias do seu primeiro período artístico. Conseguiu assim a consideração de colecionadores esclarecidos, dos escritores simbolistas e da nova geração de pintores franceses representada por gauguin, Bernard e pelos nabis.
No início do século XX, surge um Redon inesperado com as suas naturezas mortas com flores de um estilo distendido, as evocações de figuras mitológicas os seus para-ventos decorativos. Em vez de temas singulares passam a ser as cores brilhantes a suscitarem a espontânea adesão às suas obras.
Quer o público, quer a crítica nunca souberam relacionar essas duas variações da produção do artista e, por isso mesmo, ele quase caiu no esquecimento. Só as exposições e alguns ensaios a ele dedicados permitiram restituir-lhe a importância da sua obra de visionário enraizado na Arte Nova, mas capaz de anunciar alguns dos principais temas do surrealismo.
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