Às vezes habituamo-nos a ver tantos filmes independentes, que a opção por uma coisa mais comercial oriunda de Hollywood acaba por representar uma expedição do género «david vai-te embora» aos valores e aos modelos narrativos do cinema dali exportados.
«Guia Para um Final Feliz» prometia ser uma experiência a contento desse objetivo que, reconheçamos, continha o alibi de dedicar um par de horas ao entretenimento puro e duro, sem grandes preocupações ideológicas. É que, no ano transato, fizera figura na cerimónia dos óscares com nomeações para todas as categorias de atores, e a estatueta a ser entregue a Jennifer Lawrence.
Concluída a sua apreciação, não direi ter ficado desiludido, nem particularmente agradado. É que, enquanto comédia, o filme de David O. Russell lembra a célebre publicidade ao melhoral: nem faz bem, nem faz mal…
Ainda assim é possível olhar para a América como um espaço patológico, onde os mais diversos distúrbios psiquiátricos vão procurando adequar-se aos padrões de normalidade, que os tendem a marginalizar. O objetivo será sempre o de iludir esses desvios e encontrar a estratégia para os minimizar. Por isso surgem as habituais mezinhas do «pensamento positivo» ou da redenção através da dança ou do amor.
No desenvolvimento da história segue-se a regra preguiçosa de partir de uma situação de equilíbrio, que se desequilibra até pôr em perigo extremo os protagonistas, que acabam por ter artes de infletirem a situação periclitante e entregarem-se ao róseo happy end em que se tornam expectáveis a felicidade eterna e muitas criancinhas.
Será isso assim tão mau quanto parece assim descrito? Dependerá dos dias: até podemos estar naqueles em que o nosso coração piegas anda a pelar-se por uma lamechice. E, nesse caso, esta serve muito bem...
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