No ano passado a realizadora alemã Maria Stodtmeier assinou o documentário «Isang Yun: um destino entre a Coreia do Norte e do Sul» com que ganhou o Prémio Especial do Júri do 50º Festival Internacional de Televisão Golden Prague. Com ele deu-nos a conhecer um compositor praticamente desconhecido, mesmo para os melómanos ocidentais mais atentos. Mas Ysang Yun, o compositor coreano falecido em 1995 com 78 anos, que é reivindicado como seu por ambas as Coreias e foi autor de prolífica obra de música contemporânea.
O momento culminante na vida de Isang Yun aconteceu em 1960 quando decidiu prosseguir os seus estudos musicais em Paris e em Berlim, trazendo consigo uma consciência política acicatada pela ocupação da Coreia pelos japoneses e pela divisão da península.
A sua atividade política, mesmo à distância, merece então o ódio de estimação do ditador sul-coreano, Park Chung-hee (pai da atual Presidente) que manda os seus serviços secretos raptarem o compositor em Berlim em 1967.
Em Seul Isang Yun é encarcerado, torturado e condenado a prisão perpétua por ter entretanto visitado a Coreia do Norte. Nesse julgamento fantoche, alguns dos réus foram condenados à pena de morte.
É graças a uma petição internacional de grande dimensão, que a ditadura sul-coreana acaba por expatriar Isang Yun para Berlim onde ele obterá a nacionalidade alemã em 1971.
Nas duas décadas seguintes - sobretudo depois de Park Chunk-hee ser executado por opositores, levando a Coreia do Sul a assumir um regime formalmente democrático – Isang Yun passa a deslocar-se regularmente aos dois lados do paralelo 38,quer para divulgar as suas obras de vanguarda, quer para defender a reunificação do país.
Hoje, se no Norte ele merece um reconhecimento sem contestação, no Sul ainda suscita a raiva dos que persistem em ver nele um espião comunista.
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