Odilon Redon começou a ter um número crescente de admiradores nos últimos quinze anos do século XIX, depois do sucesso da sua participação na exposição do grupo dos XX em Bruxelas em 1886, que era uma das principais plataformas de afirmação das vanguardas de então.
A publicação da sua correspondência mostra-o em contacto com os autores da literatura simbolista e com os pintores pós-impressionistas. Entre os que trocaram essa comunicação epistolográfica com ele contam-se Pierre Bonnard, Jean Cocteau, Claude Debussy, Maurice Denis, Élie Faure, Paul Gauguin, Gustave Geffroy, André Gide, Remy de Gourmont, Francis Jammes, Charles Morice, Édouard Schuré, Émile Verhaeren, Ambroise Vollard, Édouard Vuillard...
Para expor a sua doutrina estética e defender a imaginação poética contra o ilusionismo naturalista e um tipo de impressionismo superficial, trabalha na elaboração de notas autobiográfica, que integrarão a sua obra póstuma «À soi-même», cujas qualidades literárias e artísticas a tornam num dos melhores exemplos do género.
Quando chega aos sessenta anos, anuncia-se a Redon um novo período criativo. Vira-se para o exterior, viaja pela Bretanha, pela Côte d’Azur, pela Holanda, pela Inglaterra, pela Suíça e pela Itália, participando em múltiplas exposições.
Recorre à pintura e ao pastel para com tais materiais revelar uma admirável orquestração cromática.
Na sua obra gráfica ele conseguira penetrar no reino esquecido do imaginário, confessando ter-se submetido “às leis secretas que me levaram a criar, segundo os meus sonhos, coisas nas quais me comprometi totalmente.” Agora, porém, a pintura leva-o a manter uma comunicação com as “maravilhas do mundo visível”. Mas esse mundo visível não é o reino da ilusão, mas preferencialmente o da sugestão, rico em referências escondidas, se não mesmo ocultas.
Uma espécie de poder mágico liga as obras demoníacas do início às naturezas mortas e às flores do seu último período. Procurando correspondências cromáticas e formais para os seus sentimentos, Redon segue uma opção, que Baudelaire começara por propor e destinada aos artistas de vanguarda. É nessa perspetiva, que se pode explicar a sua simpatia por Gauguin, e compreender porque Maurice Denis, ao pintar a sua «Homenagem a Cézanne» atribuiu a Redon o lugar de honra.
Ele mostrava algumas características comuns com a nova geração: o gosto pela intimidade, a cor como elemento construtivo em vez de imitativo e uma nova abordagem do espaço. No seu caso, este espaço pictórico vai-se depurar progressivamente dos seus diversos planos para se aglutinar num só. A superfície que daí resulta já não remete para as qualidades táteis da nossa experiência quotidiana, mas revela os vestígios mágicos das suas visões imateriais.
Para além desta transformação do espaço, as figuras nele representadas também perdem a sua tridimensionalidade, tendendo a planificar-se numa simplificação ornamental e arabesca. Nota-se então a influência das estampas japonesas, que tanto influenciaram toda a pintura moderna depois de Manet e de Degas.
As pinturas murais de Fontfroide constituem o ponto culminante de toda a sua obra e até do pós-impressionismo.
Hoje dispersas por vários continentes, as obras de Odilon Redon ainda estão por ser devidamente avaliadas...
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