quinta-feira, 24 de março de 2016

Tiros de pólvora seca

Chegamos às férias da Páscoa e temos de reconhecer que os tempos não estão a correr de feição para o PSD de Passos Coelho. O discurso de Marcelo a apoiar a intervenção de António Costa na tentativa de devolver sustentabilidade ao nosso sistema financeiro deve estar a perturbar muitos eleitores laranjas, que já não bastava o ocorrido no Banif e o terem votado no atual Presidente para contrabalançar a maioria da esquerda e dão conta do isolamento cada vez mais patético do seu (ainda) líder, já não muito distante daquele sketch do Herman em que um bronco afiançava ser ele o Presidente da junta. Um destes dias, numa qualquer festarola, ainda daremos com Passos Coelho a teimar ser ele o primeiro-ministro.
O curioso é começarem a perfilar-se os seus sucessores: a entrevista em que Morais Sarmento anuncia estar pronto para, daqui a um ano, colocar-se na linha da partida para o substituir, constitui igualmente um aviso para quem (Rui Rio, Moreira da Silva, etc.) anda com as mesmas contas na cabeça.
Mas se a direita lusa continua sem ver cicatrizadas as feridas da sua derrota de 4 de outubro não faz a coisa por menos e esforça-se até por prender Lula e derrubar Dilma. Assim se compreende a iniciativa de Carlos Blanco de Morais ao organizar na Faculdade de Direito de Lisboa uma conferência para a qual convidou os mais notórios adversários da presidente brasileira e o seu provável sucessor em caso de impeachment. E logo garantiu a presença de Marcelo Rebelo de Sousa e de Passos Coelho.
A coisa saiu tão escanifobética que, tão só conhecido esse projeto e logo a grande maioria dos convidados se dissociou de nele colaborar. A exemplo do que tem acontecido recentemente com as grandes iniciativas da direita, fazem-se grandes anúncios com trompas, trombetas e tubas e o resultado é o pífio som de um flautim desafinado.
Noutra vertente do comportamento dessa mesma direita, ou pelo menos da que tomou de assalto o Ministério Publico e tem feito a vida negra ao antigo primeiro-ministro José Sócrates,  voltou a não ser cumprido o prazo dado por Amadeu Guerra a Rosário Teixeira para decidir, de uma vez por todas, se vai ou não haver acusação. Agora o adiamento ficou para depois da Páscoa!
Mas se julgávamos que esse processo já tinha todas as iniquidades imagináveis pelos seus autores veio agora revelar-se mais uma canalhice de todo o tamanho do pasquim da Cofina. Violando todos os princípios éticos Sérgio Azenha e Sónia Trigueirão (são os dois biltres da foto aqui publicada!) foram incumbidos pelo seu chefe Octávio Ribeiro, de se constituírem assistentes do processo e agora exigiram a Rosário Teixeira, que também elegesse como arguida a jornalista Fernanda Câncio a pretexto do que imaginaram pressupor nas escutas telefónicas, que andaram a bisbilhotar.
Num país decente esses dois exemplares do que a espécie humana tem de pior ficariam sem carteira profissional e os únicos documentos de que ficariam incumbidos seriam os relatórios de funcionamento de uma qualquer ETAR. Decerto realizar-se-iam na perfeição com o acompanhamento das análises às bacias de decantação de dejetos.
A torpe ousadia já excedia de tal forma o que a mínima decência manda respeitar a nível de aparências, que Rosário Teixeira recusou dar-lhes a satisfação nessa tentativa. Mas o facto de terem falhado o alvo não significa que eles voltem a concorrer aos tais quinze minutos de fama com mais alguma pulhice concebida pelas suas sórdidas mentes...

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