Finalmente a esquerda brasileira acordou e fez o que já tardava: pôr o povão nas ruas a defender o governo de Dilma Roussef e a honorabilidade de Lula da Silva.
O que tem acontecido no outro lado do Atlântico confirma o que tenho defendido desde sempre: envergonhando-se dos seus princípios fundamentais (o “pô-los na gaveta” como Mário Soares teve de fazer há muitos anos!) a esquerda só cria condições para a sua derrota. Pelo contrário, e como se viu com Passos Coelho, a direita nunca mostra tibiezas no que pretende: retirar rendimentos aos mais pobres e enriquecer ainda mais os ricos.
Lula da Silva cometeu esse erro enquanto foi Presidente: criou programas de assistencialismo para que milhões de pobres deixassem de o ser, mas sem mexer na propriedade dos que sempre fizeram dele seu inimigo e se serviram da TV Globo ou da revista Veja como órgãos de contrapropaganda dos notórios avanços sociais registados.
Pior: julgando poder conciliar deus e o diabo, ele alinhou na lógica endémica de corrupção do Brasil e cuidou de comprar votos de deputados e senadores para levar por diante as políticas em prol dos mais pobres. Só estava a dar combustível para a fogueira onde agora o querem queimar.
Do meu passado maoísta retenho a célebre frase segundo a qual a Revolução não é nenhum convite para jantar. A luta de classes - e é disso mesmo que se trata por muto que queiram enterrar Marx! - está aí para durar. E quem vai com paninhos quentes para o campo de batalha arrisca-se a de lá vir estropiado.
É por isso mesmo que a esquerda portuguesa tem de ser inteligente e confiar que, se quer mesmo mudar os principais paradigmas da organização social portuguesa, tem de se manter duradouramente convergente no essencial...
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