Esta manhã, no «Metropolis», programa dominical da ARTE, o Nobel da Literatura Orhan Pamuk queixava-se dos cuidados a que se vê obrigado quando instado a falar da situação política na Turquia. Segundo ele os riscos incorridos por quem fala contra Erdogan implicam a perda do emprego, as agressões dos islamitas, a prisão ou mesmo o assassinato.
E, no entanto, foi essa Turquia que a União Europeia tratou como parceira fiável para a ajudar na resolução do problema dos refugiados.
A troco de quê? Da aceitação do seu mais do que equívoco papel no conflito sírio? Da indiferença para com a repressão assassina sobre o povo curdo? Do não querer ver os contínuos ataques à liberdade de expressão, que submete os jornalistas a uma mordaça bem apertada?
Como comenta Mathieu Croissandeau no editorial desta semana do «L’Obs», “a União voga ao sabor das suas incapacidades senão mesmo da sua irresponsabilidade”.
Merkel e os demais parceiros europeus ainda não chegaram à solução ironicamente proposta num texto de Gonçalo M. Tavares, que imaginou um futuro distópico onde os desempregados seriam embarcados em navios e largados no meio do oceano, o mais longe possível das costas continentais, para que a «resolução do problema» se fizesse fora dos olhares dos que continuariam a ser portadores de emprego. O que leva alguns a aventarem a possibilidade de estarmos à beira de assistir a novas versões do Holocausto, seja contra refugiados, contra desempregados, contra a peste grisalha, etc.
Na mesma revista, Henri Roussel aborda um assunto muito sério na sua habitual coluna «Les Lundis de Delfeil de Ton»: o dos riscos que os drones civis suscitam na aviação comercial. Segundo conta, dias atrás, um Airbus A320 proveniente de Barcelona estava a aproximar-se do aeroporto de Roissy, quando o piloto viu-se obrigado a uma manobra de emergência porque um desses pequenos aparelhos passou apenas a cinco metros da sua rota de colisão.
Nenhum passageiro deu por isso, mas a catástrofe passou à sua beira.
O perigo até parece nem ser significativo quanto à colisão de um objeto da dimensão em causa, mas cresce exponencialmente se ele for aspirado pelo motor do avião e a sua bateria de lítio se inflamar. A explosão teria o potencial de pôr em causa a sobrevivência dos passageiros.
Por ora as autoridades, que velam pelo espaço aéreo europeu, ainda não conseguiram tornar efetiva a obrigatoriedade de tais drones se limitarem a respeitar o limite de 150 metros de altitude. Nem sequer de identificar quem os manobra sabe-se lá com que objetivos!
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