sexta-feira, 4 de março de 2016

Por uma agenda política efetivamente de esquerda

Ontem o “Ação Socialista” convidou Rui Tavares (dirigente do Livre) para ser seu diretor durante um dia e ele aproveitou para inserir uma entrevista com Yanis Varoufakis, o ex-ministro grego das Finanças, que tantos amargos de boca causou ao sinistro Schäuble. O pretexto foi o de saber mais alguma coisa sobre o DiEM25, movimento político transnacional, apostado na democratização da União Europeia.
Para o entrevistado é uma fantasia pensar-se que, a nível da organização que reúne 28 países europeus, as coisas poderão continuar a  ser como são. A menos que se consiga levar por diante uma revolução política capaz de lhe resolver as subcrises, que a perpassam, ela pura e simplesmente desaparecerá. Por isso mesmo, Varoufakis afirma que, “apesar de todas as dificuldades, há que por de pé essa revolução política para salvar o projeto europeu.”
Ao contrário do que, por exemplo, defendem os comunistas, Varoufakis considera contraproducente o colapso da União Europeia, lembrando o ocorrido no século passado, quando a desintegração dos impérios - alemão, russo, austro-húngaro - conduziu à ascensão do fascismo, do racismo e de outras monstruosidades a eles associáveis.
Importa, pois, desenvolver os elos entre os povos, que o internacionalismo garante. Algo totalmente diverso do que significa globalização:  “O que está a ser globalizado são essencialmente os mercados financeiros e os fluxos de capitais. O processo de globalização não está a ser um processo de solidariedade internacional. Os capitais e as mercadorias circulam livremente pelo mundo, ao passo que as pessoas estão barricadas por detrás de vedações e arame farpado. O internacionalismo baseia-se na liberdade de circulação das pessoas, na solidariedade e na comunhão entre seres humanos de todo o planeta, o que tem pouco a ver com os capitais serem capazes de atravessar jurisdições com toda esta facilidade.”
O que hoje está a acontecer um pouco por toda a Europa é uma atitude anti-internacionalista dos governantes: querem mais fronteiras e menos solidariedade.  Ora é precisamente o contrário, que deverá constar da agenda política de todas as forças de esquerda.

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