Andamos todos preocupados com o islamismo radical e olhamos para o lado quanto ao que está a suceder na Polónia, onde outro modelo de extremismo religioso está a dar cartas: se a Polónia foi referenciada nas notícias na semana transata por se recusar a acolher quaisquer refugiados, os que a governam em nome de um catolicismo sem qualquer espaço para a piedade - que deveria ser uma das suas principais características! - preparam-se para alterar a lei sobre a interrupção voluntária da gravidez tornando-a ainda mais restritiva do que já era.
Os fanáticos religiosos, que entregaram a proposta de lei no Parlamento pretendem ver o aborto proibido, exceto nos casos de perigo de vida da mãe, e penalizado com pena de prisão de cinco anos.
Em Portugal contamos com beatos desta estirpe, que assinam artigos de jornal e contam com um partido, até agora votado ao maior desprezo pelos eleitores. Mas seria imprudente não atentarmos nos portocarreros, que tentam alçar a cabeça: ciosos de quererem obrigar os demais a seguirem as suas absurdas conceções, tudo farão para que sejam revertidas as leis, que deram a liberdade de cada um viver de acordo com as suas crenças e conveniências.
Em Espanha Rajoy viu-se em palpos de aranha para não lhes dar cobertura, ciente de perder muitos dos votos, que lhe permitiram estar à frente do governo espanhol nos últimos anos. E, na própria Polónia, a direita já teme ver o tiro dos seus prosélitos causar sérios ricochetes: é que entre cem a cento e cinquenta mil mulheres polacas utilizam anualmente as clínicas alemãs, austríacas ou eslovacas onde é permitido o que, na terra natal, está proibido.
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