O tema começa a ser recorrente, mas a insistência com que a direita o faz vir à colação assim obriga a retomá-lo: a única estratégia de quem é contra o atual governo - partidos da oposição e órgãos de comunicação social, que lhes servem de altifalante - passa por manter a atmosfera de medo sobre o futuro próximo.
Qual Pedro da história com o lobo, o homónimo que aparece todos os dias na televisão em pose de primeiro-ministro, ameaça com raios e coriscos como se ao céus estivessem plúmbeos e a anunciar tempestades terríveis. Ora, quando surge uma ou outra nuvem mais escura no horizonte, ela é logo notícia de abertura nos telejornais da SIC para que Passos Coelho faça dela o devido aproveitamento.
Veja-se o sucedido com a Moody’s que, na semana transata, deu um parecer positivo à aprovação do Orçamento no Parlamento: como tal notícia contrariava a estratégia de intimidação da direita, logo se cuidou de ir entrevistar uma das suas técnicas para que se desdissesse e reiterasse o discurso anterior.
O que os cabecilhas dessa estratégia sabem é que, sendo a economia muito influenciada pelas expetativas, quanto mais sombrias as enunciarem, repetindo tais falácias até à exaustão, maiores dificuldades terá o governo em executar o seu Orçamento.
Repetem, assim, a manobra de renovar a contínua propaganda feita de mentiras para criar cenários em claro desajuste com as realidades.
Anteveem assim ter o mesmo sucesso, que os levou a iludir milhares de eleitores, empobrecidos durante os quatro anos anteriores e levados a acreditar nas trapaças sobre o crescimento em aceleração e a redução do desemprego, votando neles a 4 de outubro.
O problema para Pedro é que o lobo provavelmente nunca chegará e ele já não possui os instrumentos da governação para falsear os indicadores do INE, como foi a gestão fraudulenta da execução orçamental no ano transato.
Consiga Mário Centeno comprovar a consistência do seu Orçamento e o Pedro passará a ser olhado com comiseração por quem ainda se dá ao trabalho de o ouvir. É que, num tempo, em que os “lobos” andam com a vida cada vez mais dificultada - há um coro quase unânime a desacreditar os fundamentos em que assentam as “análises” austeritárias dos técnicos da Comissão Europeia ou do FMI - o mais provável é nem sequer conseguirem aparecer no nosso burgo.
A execução rigorosa e exigente do Orçamento agora aprovado criará a dinâmica de aceleração da mudança do cenário macroeconómico reconduzindo o país às expetativas interrompidas durante o tenebroso mandato passista. Se começará mitigada, quando ganhar a velocidade de cruzeiro retirará toda a argumentação, que a direita ainda insiste em apresentar.
A curiosidade será, então, a de saber com que novos protagonistas e com que reorientação ideológica ela quererá recuperar a credibilidade perdida junto dos portugueses. Mas esse é cenário para perspetivar a longo prazo. Por agora armemo-nos de paciência para os muitos alertas de «lobo à vista», que ainda ouviremos nas próximas semanas...
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