Logo no primeiro dia das audiências sobre a resolução do Banif o testemunho do seu ex-presidente, Jorge Tomé, se lido nas entrelinhas, permite interrogarmo-nos se a notícia da TVI de 13 de dezembro proveio de alguém ligado ao Banco de Portugal, do Banco Santander ou de alguém ligado às duas entidades. Porque, como compreender a viragem significativa de Carlos Costa relativamente à Administração do Banif depois da tomada de posse do atual governo em 20 de novembro, passando de uma cordialidade conciliadora para uma ostensiva hostilidade? Será que, sentindo que António Costa ainda estava fragilizado pela propaganda da direita e da generalidade dos meios de comunicação em como fora o PàF a ganhar as eleições, o governador do Banco de Portugal terá pretendido derrubá-lo através de uma resolução comprometedora concertada com o BCE que o obrigou a entregar o Banif ao Santander? Se essa tentativa tinha esse objetivo, falhou mesmo implicando um custo de mais de 3000 milhões de euros para o contribuinte. Porque foi António Costa quem saiu engrandecido de um desafio, em que demonstrou a determinação de resolver os problemas, sem lhes virar as costas como sucedera com o antecessor nos três anos anteriores.
Recorde-se que essa notícia da TVI causou uma corrida aos depósitos que, em poucos dias, perderam 16% do seu valor, ou seja 960 milhões de euros. O sucedido em 20 de dezembro tornava-se inevitável!
A ser verdade o que contou Jorge Tomé, já estava algo em preparação, não se sabe por quem, mas que se revelava pelo que já estava a acontecer na Madeira nas semanas anteriores à resolução: “registou-se (…) um movimento anormal de vários clientes que chegavam aos nossos balcões dizendo que vários balcões do Santander lhes tinham dito que o Banif ia acabar em Dezembro e que deviam passar o seu dinheiro para o Santander.”
Conclua-se com a página agora aberta por Jorge Tomé em relação ao que de muito grave ocorreu no Banif Brasil, onde 267 milhões de euros se evaporaram sem que não se tenha ainda percebido quem os embolsou. Um caso de polícia, que esta Comissão de Inquérito terá todo o interesse em aprofundar.
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