Talvez possamos ter doravante algum descanso quanto às aparições diárias de Passos Coelho nas televisões em pose de primeiro-ministro. Já sem o alibi de uma campanha eleitoral interna, que outras razões para ele surgir senão como o líder de uma Oposição cada vez mais enfraquecida?
A sua reeleição à frente do PSD teve um resultado norte-coreano, que foi entusiasticamente saudado pela SIC - mas a realidade manda clarificar que só o elegeram 22161 militantes dos 50491 que estavam recenseados. Significa isto que 1110 foram às urnas para votarem nulo ou em branco e mais de 55% nem sequer se deram a tal incómodo.

Agora que só lhe resta um lugar na primeira fila da bancada do Parlamento, os amigos vão dele fugindo como peste, cada um tratando das suas vidinhas como foi o caso de Maria Luís Albuquerque.
A votação de ontem significa isso mesmo: Passos já só convence 45% dos próprios militantes do PSD. E, no discurso de vitória, acolitado por gente já mais do que desacreditada (Calvão Silva ou Fernando Seara) deixou escapar o que lhe vai na alma, ao reconhecer o início de um ciclo que durará vários anos. É que já nem sequer ele acredita numa viragem que lhe devolva a inebriante sensação de ser o dono do pote.
Ele sabe que o seu tempo já se esgotou, mas teima em iludir essa evidência.
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