Na edição da semana passada de «Os Números do Dinheiro» (RTP3) o antigo ministro cavaquista Braga de Macedo reconhecia a dificuldade que tinha em evitar o cânone marxista para identificar corretamente os problemas atuais da Economia europeia. Esse tipo de preconceito ainda está muito arreigado nos que teimam em defender a austeridade como receita para a crise, mesmo tendo provas repetidas da sua falência.
Se se libertassem desses freios ideológicos e deixassem fluir a tão necessária racionalidade para, diagnosticados os efeitos, possibilitarem uma abertura mental para as soluções consequentes, depressa concluiriam ser necessário um estímulo orçamental no investimento e uma reorientação estratégica do setor bancário para o tornar possível.
É por isso que as novas medidas aprovadas pelo Banco Central Europeu em nada minimizarão a estagflação, que se pretenderia superar. É que o problema continua a estar na imposição de mais medidas austeritárias em economias sobreendividadas e despojadas da capacidade de investimento. Tanto mais que os Bancos andam com a corda na garganta a darem tratos à imaginação (normalmente em formas acrescidas de cobrar mais comissões aos clientes!) para reduzirem o peso dos ativos desvalorizados nos seus balanços.
Nesta altura nem sequer se trata de perspetivar uma Revolução capaz de atirar para as malvas o atual sistema económico baseado na exploração das mais-valias de uma mão-de-obra empobrecida.
Já não seria mal pensado, que os líderes europeus soubessem oleá-lo um pouco mais para que se aguente sem o risco de uma gripagem a curto prazo. Porque preparar-lhe a alternativa sem grandes tumultos sociais exige algum tempo e ponderação.
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