terça-feira, 8 de março de 2016

A Europa não aprende nada com os erros

A viragem estratégica da Europa relativamente à crise dos refugiados tarda em fazer-se com a Grécia a ser torpedeada por quem mais devia ser sujeita a sanções por não cumprir as quotas a que estava moralmente obrigado na repartição do esforço com esse fluxo de desesperados.

A incapacidade em corresponder aos problemas suscitados pelos erros do passado, quando se deixaram cair os líderes laicos do Médio Oriente, e a sua substituição por outros religiosamente conotados com um Islão cada vez mais radicalizado, explica as guerras civis, que tantos mortos e destruição tem causado no Iraque, na Síria, na Líbia ou no Iémen.

Em vez de favorecer a separação do Estado e da religião como um requisito fundamental dos padrões civilizacionais, que se exigiriam como obrigatórios por todo o planeta, a Europa deixou-se embeiçar pelas chamadas «primaveras». Estas mais não foram do que pretextos para delas se aproveitarem os que já tudo faziam para destruir os frágeis equilíbrios criados por ditaduras, apesar de tudo capazes de garantir direitos básicos às populações e, sobretudo, às mulheres, que foram as grandes perdedoras de toda esta sucessão de catástrofes.

Não contente com os erros passados a União Europeia quer-se valer agora da ajuda interesseira da ditadura de Erdogan, quando ela vem acumulando um conjunto inquietante de prepotências fascizantes, que a deveriam tornar parte do problema e não da solução. Hoje em dia as diferenças de Erdogan em relação à cleptocracia saudita ou aos assassinos do Daesh só se medem numa questão de amplitude de horror.

O resultado de todas as tibiezas europeias só pode ser uma continuação sem fim deste drama imigratório e da ascensão de movimentos neonazis como o que este fim-de-semana conseguiu eleger um deputado na Eslováquia graças ao discurso repelente contra quem tanto apoio está a necessitar nesta altura.

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