Confesso que as ocupações do fim-de-semana impediram-me de dar grande atenção ao que se ia passando nas televisões mas, das poucas vezes que o tentei, deu para compreender que José Vítor Malheiros tem razão quando diz não aparentarem ter sido a SIC-Notícias, a RTP3 ou a TVI24, porque todas elas pareciam ser a TV CDS-PP.
Se a escolha editorial de encher horas televisivas com um congresso partidário já é discutível quando ocorrem os dos dois maiores partidos parlamentares, ainda menos se compreende perante o do 4º ou 5º, já que os antigos PàF têm de optar quanto à real valia do CDS para manterem a ilusão de terem “ganho” as legislativas.
Pior: apesar de ser o 3º maior partido nacional o Bloco nunca teve direito a tanta propaganda gratuita. Nem sequer o PCP apesar de ser o mais antigo de todos os que existem atualmente.
Não merece, pois, qualquer dúvida quanto à excessiva atenção dada a esta direita em saltos altos, ademais sem o contraponto de comentadores, que relativizassem muito do que ia sendo repetido torrencialmente contra o governo e a atual maioria parlamentar.
Estamos, pois, a viver diversas crises a nível nacional, e uma delas é a da comunicação social, cujos donos ostentam uma agenda óbvia, que passa por matraquear uma panóplia de afirmações, conceitos e valores sob a capa de, supostamente, estarem a “informar” os seus espectadores, ouvintes ou leitores.
Se a esquerda quer evitar que o imaginário coletivo fique doentiamente contaminado com falácias assaz vantajosas para quem continua a deter o capital, e em detrimento de quem integra o fator trabalho, terá de encontrar forma de dar a volta a tal situação. Porque basta olhar para o Brasil de Dilma e de Lula para perceber o quanto o Partido dos Trabalhadores está em apuros por nunca ter conseguido contrabalançar os permanentes ataques ideológicos da TV Globo ou da revista «Veja».
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