Só o facto de estarmos todos entretidos com esta novela de baixa qualidade em que os amores e os desamores entre o paulo e o pedro vão desassossegando uns quantos corações piegas, é que nos impedem de dar o devido relevo ao gravíssimo atentado aos interesses portugueses assumido pelo governo na questão da aterragem do presidente Evo Morales.
Quando se esperaria de gente com coluna vertebral, que se associasse a um grande repúdio das instituições e governos europeus contra o comprovado sistema de espionagem de todas as nossas comunicações telefónicas ou informáticas pelos norte-americanos, com isso apostados em manterem o seu domínio imperialista a nível planetário, vemos o ministério dos negócios estrangeiros a curvar-se vergonhosamente a uma ordem ditada provavelmente da Casa Branca.
O resultado diplomático é catastrófico com os governos do Brasil, da Venezuela, da Argentina, da Colômbia ou do Equador a condenarem explicitamente o comportamento das autoridades portuguesas.
Para quem andou a querer alargar mercados no subcontinente latino-americano o sucedido é mau demais. E, como dizia Bernardino Soares esta tarde no Parlamento, justificaria por si só a demissão de paulo portas, se ela já não tivesse ocorrido.
O mínimo que passos coelho tem a fazer é emitir um pedido de desculpas pela leviandade do que foi decidido pelo seu (des)governo.
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